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Laser de dentista vira opção para quem teme as brocas

Eficiência de aparelho melhorou, mas preço é barreira para popularização

Tratamento de cárie e outros problemas pode dispensar uso da anestesia; ainda não dá para tratar canal com ele

Victor Moriyama/Folhapress
Norival Ianoni, 71, que tem fobia de dentista, após tratamento com laser em consultório em SP
Norival Ianoni, 71, que tem fobia de dentista, após tratamento com laser em consultório em SP
FRANCISCO ZAIDEN COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pacientes que nunca se acostumaram ao barulho do "motorzinho" quando vão ao dentista estão começando a contar com uma nova opção no país: lasers que fazem parte do serviço das brocas.

A tecnologia, conhecida como laser Er:YAG, tem mostrado bons resultados no tratamento de cáries, por exemplo, mas ainda não substitui aparelhos convencionais em vários procedimentos, afirmam especialistas.

Em si, o uso de lasers em tratamentos odontológicos não é novidade -em 1992, chegava ao país o primeiro modelo de aparelho para esse fim. Entretanto, a tecnologia não pegou, e quase todos os profissionais mantiveram o uso das incômodas brocas.

A causa do fracasso do laser, segundo odontologistas, deveu-se ao fato de a antiga ferramenta ser lenta e menos precisa, porque sua potência era relativamente baixa.

Já os novos modelos funcionam em alta potência, proporcionando mais precisão em tratamentos como remoção de cáries, tártaro e placa bacteriana, diz o odontologista Gil Puglisi, que tem o Er:YAG há um ano e meio.

Para Rodrigo Bueno de Moraes, consultor da ABO (Associação Brasileira de Odontologia), as versões mais recentes do laser trazem vantagens consideráveis. Mas ele alerta: "O aparelho ainda precisa de aprimoramento".

Os defensores da tecnologia argumentam que, do ponto de vista do paciente, o conforto e a ausência da dor acabam pesando em favor do laser. "Em 85% dos casos, o paciente não precisa de anestesia", afirma Puglisi.

NO BOLSO

Como o laser custa cerca de US$ 70 mil, ainda há pouca demanda por ele entre os dentistas -ainda é considerado um aparelho "elitista", de acordo com Moraes. Segundo Puglisi, uma obturação sai por R$ 700.

O laser funciona por meio da combinação de seu feixe com um jato de água. Ele causa um aquecimento rápido e superficial na parte mineralizada do dente e faz a água virar vapor, criando microexplosões que removem o tecido com lesões.

De acordo com Ângela Toshie Araki, pesquisadora da USP que estuda a ação do Er:YAG, em determinados casos ainda é necessário o uso da broca, pois o laser não consegue fazer todo os tipos de tratamentos dentários.

Por isso, para a professora, o laser ainda é considerado "coadjuvante". Em tratamentos de canal, por exemplo, ele não consegue fazer o trabalho. Entretanto, "reduz o número de bactérias em 99%" para que, em seguida, a broca seja utilizada. Segundo Araki, há chances de que o uso do laser se torne mais amplo no futuro.

O aposentado Norival Ianoni, 71, diz que o uso da tecnologia o ajudou a vencer o medo de dentista -é que, após uma injeção traumatizante quando criança, Ianoni se tornou um daqueles pacientes aterrorizados com o tratamento dentário.

"Eu tenho pavor, deito na cadeira e começo a tremer", explica. Recém-adepto do Er:YAG, o aposentado afirma que agora vai tranquilo ao consultório. Seu tratamento ainda vai durar dois meses.


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