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Temor sobre privacidade abala setor de tecnologia

Insegurança sobre como grandes empresas ajudaram o governo pesa

"Você tem privacidade zero. Pare de se incomodar com isso", disse executivo da Sun Microsystems em 1999

DAVID STREITFELD DO NEW YORK TIMES

O mundo da tecnologia no Vale do Silício, região dos EUA notória por concentrar empresas do setor e que não está acostumada a duvidar do futuro da internet, vive dias de desgosto.

Manter Washington afastada sempre foi um esforço. Regulamentação governamental sufocaria a inovação, os empreendedores repetiam.

Assim, a primeira coisa intrigante para alguns observadores é o fato de que companhias importantes --entre as quais Microsoft, Google, Yahoo, Apple e Facebook--sejam acusadas de facilitar o acesso a seus dados.

As empresas negam ter colaborado diretamente com o Prism (leia mais abaixo), mas não parecem ansiosas por falar sobre como colaboraram indiretamente, e sobre que limite teria sido imposto.

"O sucesso de qualquer companhia se baseia não apenas no valor dos produtos que oferece, mas também no nível de confiança que seja capaz de estabelecer", afirma Adriano Farano, cofundador da Watchup, produtora de um aplicativo que personaliza vídeos jornalísticos. "O que está em jogo é a credibilidade de um ecossistema".

E trata-se de um que depende de dados pessoais.

Novas tecnologias como o Google Glass avançam por territórios que até recentemente eram inatingíveis. De grandes empresas a novas companhias, o setor de tecnologia fervilha com planos para recolher os dados mais íntimos de seus usuários e usá-los para vender coisas.

"Estamos pressionando o governo a nos proteger, mas também colocamos mais e mais informações sobre nós mesmos em lugares que permitem que outras pessoas as vejam", diz Christopher Clifton, cientista da computação da Universidade Purdue que pesquisou sobre métodos de coleta de dados que preservam a privacidade. "O fato de que parte desse todo será estudado pode perturbar, mas não surpreende", declara.

O presidente Barack Obama, tentando atenuar os protestos, diz que os alvos do programa são cidadãos estrangeiros, e que vale a pena ceder um pouco de privacidade em troca de segurança.

PROBLEMA ANTIGO

Mas o monitoramento de dados é um problema que estava por surgir há tempos.

As grandes fabricantes de computadores sempre venderam sistemas ao governo e empresas iniciantes de toda espécie sobrevivem com informações pessoais. Por outro lado, as companhias sempre tentaram evitar regras governamentais que restringissem sua visão --e seus lucros.

Em 1999, Scott McNealy, presidente-executivo da Sun Microsystems, resumiu a atitude do Vale do Silício quanto aos dados pessoais com uma declaração que define o "boom" da internet: "Você tem privacidade zero. Pare de se incomodar com isso."

McNealy não retira o comentário, ou não todo ele, mas diz que hoje se preocupa mais do que no passado sobre possíveis abusos.

Ele, porém, argumenta que os fabricantes de computadores têm alguma responsabilidade pela criação do estado de vigilância. "É como culpar os fabricantes de armas pela violência ou uma montadora pelos motoristas embriagados". O problema real, ele diz, é "o avanço no alcance do governo. Acho ótimo que eles estejam tentando identificar o próximo terrorista. Mas já imagino se isso significa que vão me bisbilhotar."

Aaron Levie, fundador do Box.com, sistema de compartilhamento de arquivos, brincou no Twitter que o Prism apenas reuniu em um mesmo local todos os dados do Gmail, Google, Facebook e Skype. "A NSA chegou antes que cerca de 30 startups com essa ideia", escreveu.


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