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Opinião

Entre videogame e cinema, 'Beyond' brilha por narrativa

Enredo polido e bem construído é marca do título; controles do jogo são simples e, por vezes, tediosos

Games como 'beyond' são necessários em uma indústria pouco original

ALEXANDRE ORRICO DE SÃO PAULO

Para explicar minha ambivalência a respeito de "Beyond: Two Souls", pego emprestado o termo "conceitualmente apaixonado", usado pelo amigo Pablo Turazzi para dar seu parecer a respeito do tecnobrega, em um post sobre música no Facebook.

Pablo reconhece a importância do estilo paraense na história musical recente do Brasil, mas confessa não ser capaz de escutar uma única música do gênero por vontade própria. É o famoso "respeito, mas não gosto".

"Beyond" me atrai pelo conceito: o foco total da produção está no desenvolvimento do enredo, mesmo que isso sacrifique a jogabilidade.

As cenas de combate fogem da regra de sequência de botões; basta completar os movimentos de Jodie Holmes, protagonista do jogo, com as alavancas analógicas para que ela ataque ou bloqueie.

Simples, intuitivo, abrindo espaço para que as cenas sejam mais cinematográficas e dinâmicas, com liberdade de ângulo e montagem.

Em "Beyond", os controles são secundários, ferramentas que apenas registram escolhas e dispensam conhecimento prévio em videogames.

É como se uma camada de interatividade fosse aplicada a um filme comum. Algo entre cinema e jogo, que David Cage, fundador da Quantic Dream, empresa responsável pelo título, gosta de rotular como "drama interativo".

Mas "Beyond" pode ser bem chato em algumas partes --há um trecho em que o jogador é obrigado a realizar entediantes tarefas domésticas, como limpar a casa, fazer o jantar e recolher o lixo.

DUAS ALMAS

Jodie, interpretada pela atriz canadense Ellen Page, tem uma condição que é ora maldição, ora bênção: ela é sempre acompanhada por Aiden, uma força invisível que pode interferir no mundo real como a concepção clássica de fantasma que conhecemos --mover objetos, piscar luzes, possuir e asfixiar pessoas.

Os dois estão conectados desde o nascimento, e cabe ao jogador desvendar os detalhes dessa ligação involuntária, que desperta interesses até da CIA, interessada em desenvolver aplicações militares com base nessa relação.

Para ser melhor compreendido e consumido, "Beyond" deveria ter sido apresentado também fora das feiras fechadas de games. Alcançar outra audiência, interessada mais em escolhas e histórias do que na diversão imbuída na mecânica de jogo ou na dificuldade de vencer desafios.

No mesmo sentido da relação entre Pablo e o tecnobrega, sou "conceitualmente apaixonado" por "Beyond" e pela tentativa de Cage de fazer algo diferente.

Mas, na prática, como jogo (que no final das contas foi como o título foi vendido), "Beyond" brilha mesmo pela narrativa. Empolga por apontar as possibilidades que a Quantic Dream poderá explorar no PlayStation 4.


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