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Esconde-esconde

De amor a sexo, passando por drogas, temas abordados em apps anônimos são variados e --quase sempre-- tabus

ALEXANDRE ARAGÃO DE SÃO PAULO

"Eu vejo muitas postagens sobre relacionamentos; há bastantes mensagens sexuais, com pessoas convidando outras a mandarem fotos ou mensagens diretas; confissões sobre drogas e coisas desse gênero. Há uma grande variedade de assuntos."

A fala da estudante carioca Lívia Miranda, 22, usuária do Whisper, é um bom resumo do conteúdo de aplicativos que prometem anonimato. Radicada na cidade de Leonardtown (Maryland), nos EUA, Lívia ressalta a popularidade desse tipo de software: "Praticamente todos os meus amigos usam".

No Brasil, o sucesso não é tão grande quanto nos EUA, mas existem usuários fiéis. Assim como acontece em redes sociais cujo o uso da identidade real é incentivado --os termos do Facebook, por exemplo, proíbem nomes falsos--, os apps anônimos não são apenas um local de desabafo, também servem para conhecer pessoas.

A estudante de moda Sara Hong, 23, gostou de conversar com estrangeiros pelo Whisper. "Conversei com um menino da Califórnia", diz. "Falei um pouco de São Paulo, do que as pessoas fazem aqui, e ele também falou um pouco da cidade dele."

Não ter que se identificar, claro, ajuda. "Eu sinto segurança por ser algo anônimo", explica Sara. Mesmo assim, a conclusão é a mesma a que se chega usando outras redes sociais, diz ela: nada supera o tête-à-tête. "Conversar com amigos pessoalmente com certeza seria bem melhor."

ANÔNIMOS CONVICTOS

A atitude que Lívia e Sara tomaram contrasta com a postura das outras pessoas contatadas para que participassem desta reportagem. Dos 15 usuários com quem a Folha entrou em contato por meio dos aplicativos, apenas elas toparam se identificar.

"Você acha que eu vou falar meu nome real? Falei mal do meu chefe no aplicativo", contou por telefone, entre risos, um usuário que se identificou como Roberto. No perfil dele, há um post em inglês: "Hoje fui esfaqueado pelas costas pelo meu chefe e sei que nada vai acontecer com aquele..." --e termina com um palavrão impublicável.

Outros usuários, ao serem questionados se uma conversa telefônica seria possível, simplesmente pararam de responder. "Precisaria de identificação real?", perguntou um, logo de cara.

"Entrei para desabafar sobre coisas que não me sinto bem falando para ninguém, então, sei lá, preferiria manter o anonimato." Esse, afinal, é o motivo por que todos entraram.


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