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Análise

Web é espaço para buscar punição ou perdão anonimamente, como na igreja

LUCIANA RUFFO ESPECIAL PARA A FOLHA

Considerar o anonimato propiciado pela internet é quase inevitável. A possibilidade de dizer algo sem se expor fascina, criando novas possibilidades para o ser existir, uma vez que falar ou escrever --mesmo virtualmente-- dá forma e traz maior sensação de realidade a algo que se sente ou vive.

É como diz o ditado: "Nada é verdade antes de ser dito em voz alta". Aquele que escreve está procurando alívio para o que o perturba, além de poder experimentar modos de ser diferentes.

Vista assim, a web pode tornar-se um espaço propício às confissões, em que o principal juiz é o próprio sujeito, ao perceber as reações do seu entorno sócio-virtual. Um espaço onde o indivíduo pode se confessar, como antes faria na igreja --sem mostrar seu rosto--, mas dividindo o peso dos seus atos e obtendo retornos que o apaziguem.

É a chance de buscar perdão ou punição, dentro de si, balizado pela opinião alheia. Desse modo pode-se experimentar a coragem de dividir com o mundo algo que se acredita passível de crítica e suas consequências, ainda que virtuais. Ou, então, apenas vangloriar-se de algo que não seria socialmente aceito.

Do outro lado, daquele que lê e comenta, é solidarizar-se com quem sofre, oferecer conselhos ou expor sua crueldade que não aparece na vida real. É, enfim, testar novas formas de ser, sem nos submetermos ao olhar dos demais, mas obtendo retorno.

É um modo de abrir nossa caixa de Pandora, deixando sair aquilo que de pior existe, protegidos pelo anonimato. Quem não tiver segredos, que atire a primeira pedra.


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