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Entregando o ouro

Ferramenta do Facebook deixa usuário baixar todas as informações sobre seu perfil; transparência pode revelar detalhes surpreendentes

ALEXANDRE ARAGÃO DE SÃO PAULO

Aonde você estava na manhã do dia 14 de julho de 2012, há dois anos? A lembrança pode demorar a vir na sua memória, mas há boas chances de que o Facebook tenha a resposta na ponta da língua --e até compartilhe, com você e com anunciantes.

Desde outubro de 2010 há uma ferramenta que permite a usuários baixar as informações armazenadas sobre seus perfis. O arquivo inclui mensagens, postagens de mural, fotos, vídeos e até cutucadas (passo a passo na pág. F3).

Entretanto, o mais surpreendente são as informações que vêm de "metadados" --de onde, a que horas e de que endereço IP a rede foi acessada, por exemplo-- que o Facebook extrai. Há dados como as palavras-chave usadas para colocar anúncios, além de uma lista de todos os banners já clicados.

Uma parte desses arquivos é usada pela empresa para construir perfis publicitários mais apurados. Se um cliente quiser anunciar para jovens de uma região determinada de qualquer cidade, que tenham gostos bastante específicos, o Facebook é capaz de acertar o alvo dada a grande massa de informação.

Sem ter "curtido" uma página ou pesquisado um tema, é possível ser ligado a ele. A rede faz juízos de valor não só a partir das "curtidas" e do que é publicado, como o tamanho da roupa usado pelo usuário, mas também de gostos que não estão diretamente ligados ao que usuários publicaram expressamente.

Até a última sexta-feira (11), o Facebook não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem.

O QUE COMPARTILHAM

Boa parte da política de privacidade do Facebook mudou desde sua criação, bem como a interface do site. Essas mudanças têm influência na quantidade e no modo como usuários compartilham, argumenta Alessandro Acquisti, professor da Universidade Carnegie Mellon (EUA).

Os motivos para as alterações não são claros. "Como pesquisadores, não sabemos as motivações por trás de uma ou outra mudança", diz Acquisti. "Entretanto, podemos mostrar como certas escolhas de design podem afetar sutilmente o comportamento dos usuários, sejam intencionalmente ou não."

Mesmo assim, Acquisti descobriu algo esclarecedor. Ele analisou as informações públicas de 5.076 perfis entre 2005 e 2011. Apesar de a amostra não ser representativa, o pesquisador aponta que quanto mais usam a rede, as pessoas tendem a compartilhar menos informações publicamente.

Tem uma pegadinha: aumenta a quantidade de informações para grupos mais restritos. E mesmo que somente os amigos mais próximos possam ver o local em que o usuário está, por exemplo, o Facebook também pode.

Enquanto isso, grupos de pressão tentam obrigar empresas de internet a disponibilizarem ainda mais informações aos usuários.

Como a EFF (Electronic Frontier Foudantion), um dos principais. "Não sabemos se o Facebook apaga informações que aprendeu' ou se usa certos aspectos desindexados de um perfil mesmo após a saída do dono", diz Adi Kamdar, porta-voz da fundação.


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