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Cidade berço da tecnologia 'rejeita' os óculos do Google

Em San Francisco, Glass vira alvo de piadas, e donos chegam a ser atacados

Ainda restrito a poucos, Apetrecho começou a ser vendido em maio nos Estados Unidos por US$ 1.500 (R$ 3.300)

FERNANDA EZABELLA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SAN FRANCISCO (EUA)

Na metrópole mais tecnológica dos EUA, nem todas as novidades das gigantes do setor são recebidas de braços abertos. No último ano, com os primeiros usuários do Glass circulando por San Francisco, os óculos conectados do Google viraram alvos de muitas piadas, de pelo menos dois ataques físicos e do receio de gente preocupada com a privacidade.

O Glass começou a ser vendido em maio nos EUA por US$ 1.500 (R$ 3.300), após dois anos voltado apenas para desenvolvedores, jornalistas e outros especialistas. O aplicativo mais esperado, o de reconhecimento facial, ainda não saiu, mas vários já foram lançados, o que estimula seu uso.

PRECONCEITO

O brasileiro Breno Masi, 31, diretor de produtos da firma de aplicativos Movile, disse que já sentiu algumas vezes o preconceito tecnológico ao usar seu Glass.

Segundo ele, a situação ocorre principalmente na cidade californiana, onde a invasão de companhias da indústria de tecnologia acabou causando mal estar com seus residentes devido ao aumento no preço dos imóveis, aluguéis e de outros serviços.

No mês passado, ao sentar para tomar café da manhã numa padaria de San Francisco, Masi conta que um homem se aproximou e pediu para ele tirar o Glass por medo de ser filmado ou fotografado. "Ainda causa um choque, não é visualmente agradável nem bonito. É intrusivo e causa estranheza", diz ele, que tem os óculos há dois anos, desde que o primeiro lote do item chegou às mãos dos premiados.

Outra vez, andando de Segway com quatro amigos e usando o apetrecho, ouviu pessoas gritarem "nerd!" várias vezes na rua. "Mas aí também pedimos para ser zoados. Quatro gordinhos de Segway e Glass foi demais", contou, rindo.

No Brasil, ele relata que a reação varia entre gente curiosa e gente que acha que ele tem alguma doença.

Masi teve mais sorte que outros dois usuários neste ano, que tiveram o Glass arrancado do rosto.

Um era repórter do site Business Insider, atacado ao voltar para casa após cobrir um protesto contra um funcionário do Google que havia comprado um prédio e estava desalojando os moradores.

O outro caso ocorreu num bar, quando uma mulher começou a filmar o local, e os frequentadores não gostaram. Ela foi xingada e alguém saiu correndo após arrancar seus óculos e sua bolsa.

PARA POUCOS?

Em um evento voltado só para donos de Glass em San Francisco, em junho, o cofundador do Google Sergey Brin apareceu para agradecer o apoio dos usuários. "Sabemos que existe um certo risco de entrar cedo neste espaço [da computação vestível]", disse Brin.

O engenheiro de software Tim Leahy, da empresa de ingressos TicketFly, acompanhava o discurso na plateia. Ele era um de vários que não usavam o aparelho --muitos tinham os óculos no pescoço, como Brin.

"Confesso, deixei em casa, não gosto de sair na rua com ele, acho esquisito. E não quero ser zoado", disse Leahy, que já viu gente se afastar por ele usar o Glass. "No fundo, trata-se de um lembrete, na cara, da gentrificação [enobrecimento de áreas urbanas] de San Francisco."


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