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O consumo de dados móveis de celulares e tablets hoje já equivale a 12 vezes o que a internet "convencional" toda tinha no ano 2000

ROBERTO DIAS ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

No final deste ano, a quantidade de aparelhos capazes de transmitir dados pela rede de celular vai superar o número de pessoas no planeta.

A projeção é ainda mais assustadora para daqui a quatro anos, quando as máquinas conectadas devem somar 10 bilhões -para uma população prevista de 7,6 bilhões.

As contas, feitas pela Cisco, consideram não apenas a expansão dos celulares -um mercado hoje com 3,2 bilhões de assinantes, incluídos aí os que têm plano de dados.

Entra no bolo também um grupo "mudo", mas muito ativo: as máquinas conectadas a outras máquinas (como carros e aparelhos médicos).

Não é só isso, porém, que apavora as operadoras, responsáveis por conectar tudo.

Reunidas na semana passada em Barcelona, no Mobile World Congress, a maior feira anual do setor, elas apontaram seguidamente que a expansão dos chips de celular vem acompanhada de uma revolução nos aparelhos e nos hábitos das pessoas.

"3G [banda larga móvel] e smartphones mudaram a indústria", diz o presidente da AT&T, Randall Stephenson.

Os novos modelos fazem explodir o tráfego na rede. Um usuário do iPhone 5, lançado em 2012, consome em média quatro vezes a quantidade de dados utilizada por quem tem um iPhone 3G, de 2008, aponta a Arieso, outra empresa que analisa o setor.

Esse impulso não vem só das telas mais convidativas às fotos, das câmeras que produzem vídeos imediatamente publicáveis no YouTube ou dos teclados mais funcionais.

A parte "invisível" dos celulares também eleva o consumo de dados móveis, que hoje equivale a 12 vezes o tráfego que a internet "convencional" tinha em 2000.

Mais e mais os sistemas se valem da computação em "nuvem" para funcionar, o que obriga a um vaivém de informações nas redes.

Já os programas e aplicativos têm ficado mais famintos. A Alcatel-Lucent calcula que só o redesenho do site móvel do Facebook elevou de 5% para 10% o tráfego nas redes.

E o problema é global. Na China, a troca de dados móveis aumentou 187% no ano passado. "Essa alta não é sustentável", afirma Xi Guohua, presidente da China Mobile, a maior operadora do mundo em assinantes (700 milhões).

O esforço para dar conta de tanta demanda é gigante até para um setor de números superlativos como o da telefonia, com faturamento anual na casa de US$ 1 trilhão -quase o PIB da Coreia do Sul.

O investimento não é só em mais torres, mas em torres menores e mais eficientes, que transmitam dados com a tecnologia 4G (que começa a ser implantada aqui), e em maior oferta de wi-fi.

Isso ajuda a entender por que as teles reclamam tanto, e o tempo todo, quando o assunto é expansão da rede. Querem não só menos regulações -e impostos- dos governos, mas tentam também empurrar parte da conta para quem incentiva os consumidores a usar mais dados.

Nesse grupo "vilão" estão, por exemplo, Viber, WhatsApp e Skype, as empresas OTT (over-the-top, que utilizam a estrutura das operadoras para oferecer seus serviços).

Além de pressionar o consumo de dados, tais aplicativos concorrem diretamente com coisas antes só oferecidas pelas teles, como mensagens e chamadas de voz.

Por outro lado, é graças a esses serviços que a receita das operadoras de celular com dados caminha para ultrapassar a obtida hoje com a função original dos telefones: transmitir voz. A inversão, preveem as teles, deve acontecer em 2018.


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