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Foco

Contra o barulho das crianças, empresa aérea cria 'zona do silêncio'

Em alguns voos da AirAsia, oito fileiras de poltronas são reservadas para quem quer fugir de bebês chorando

STEPHANIE ROSENBLOOM DO "NEW YORK TIMES"

É a "zona do silêncio". Introduzido neste mês pela AirAsia, uma companhia de aviação econômica, o oásis formado por oito fileiras de poltrona oferece iluminação suave e uma promessa: só crianças com mais de 12 anos poderão viajar nessa parte da cabine dos aviões.

O custo da tranquilidade? De US$ 11 a US$ 36 adicionais por passagem.

A ideia de segregar as crianças nas cabines causa debate. E sátira.

No dia 1º de abril, a WestJet publicou um anúncio brincando com o Dia da Mentira, no qual prometia cabines livres de crianças. Um vídeo da companhia mostrava crianças sendo carregadas para o compartimento de carga.

Mas há uma questão mais séria, ligada a todo o barulho da discussão sobre áreas especiais para crianças.

A questão é o silêncio e envolve a maneira como diferentes culturas o valorizam, ou deixam de valorizá-lo.

Música estridente, conversas ruidosas em celulares e passageiros barulhentos são parte constante das viagens aéreas modernas.

E a algazarra "irrita, estressa e oprime" muita gente, segundo Mike Goldsmith, antigo diretor do grupo de acústica do Laboratório Nacional de Física da Inglaterra e autor de "Discord: The Story of Noise" (Desarmonia: uma história do barulho).

"O barulho é uma intrusão, um desafio ao nosso direito de controlar o ambiente que nos cerca", afirma ele.

Minhas estratégias pessoais de sobrevivência diante do barulho em viagens envolvem usar fones de ouvido, olhar feio para os barulhentos e pílulas para dormir.

Mas esse tipo de recurso faz com que eu me sinta antissocial. Por isso decidi consultar algumas pessoas que entendem bem de silêncio.

O CONSELHO DO MONGE

Comecei por Andy Puddicombe que, dez anos depois de ser ordenado monge em um mosteiro no Tibete, retornou a Londres para ensinar técnicas de meditação.

Eu imaginava que ele fosse me recomendar suprimir o ruído indesejado fechando os olhos e respirando fundo. Para minha surpresa, não foi esse o seu conselho. "Negar o que está acontecendo ao redor não funciona", afirmou.

"O som não é o problema", disse Puddicombe. "O problema é a resistência em sua mente". Em outras palavras, não adianta ficar furioso com a criança barulhenta.

Puddicombe diz que o desconforto provém da distância entre a realidade (a criança) e o que você gostaria (silêncio). "É preciso abrir mão daquilo que desejamos que o mundo seja", ele diz.

Os principiantes e os céticos podem experimentar seu app gratuito para meditação, chamado Headspace.

O PREÇO DO SILÊNCIO

Além dos ideais do budismo, há motivos fisiológicos para manter o mínimo de ruído. "Quando o barulho cresce, o ritmo cardíaco se acelera", disse Julian Treasure, presidente da Sound Agency, consultoria que assessora empresas quanto ao uso de som. "E isso não faz bem."

Setha Low, diretora do grupo de pesquisa de espaços públicos da Universidade Municipal de Nova York, diz que "no avião, a cultura está mudando, de um lugar caracterizado pela extrema polidez para um espaço mais diversificado culturalmente".

Essa diversificação foi vista também no ônibus que ela pega todo dia para trabalhar. Após queixas sobre barulho, uma empresa criou uma linha separada, mais cara.


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