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Passeio em Buenos Aires leva a muros grafitados

Arte de rua na capital portenha explodiu na crise e virou atração turística

Museu Xul Solar, a menos de 3 km do Malba, também é alternativa menos conhecida por turistas

MICHAEL KEPP ESPECIAL PARA A FOLHA

Na visita mais recente que fiz a Buenos Aires, evitei os programas de praxe, como apresentações de tango e tour no teatro Colón. Em matéria de passos percussivos, prefiro o sapateado. E já vi teatros de ópera suntuosos na Europa. Para fugir da agitação dessa cidade vibrante, procurei espaços calmos.

Um deles foi El Rosedal, um jardim de rosas no parque Tres de Febrero. Como era primavera, as 12 mil roseiras de 1.200 variedades pareciam estar todas floridas. Os círculos concêntricos de flores perfumadas, em muitas cores, cercados por rosas trepadeiras que tomam conta das pérgulas, são deslumbrantes.

Situado no mesmo parque, o Jardim Japonês é o maior do mundo fora do Japão, com 20 mil m² cativantes de bonsais, pontes de laca vermelha no formato de arco-íris e passarelas de madeira sobre lagoas com carpas.

A algumas quadras dali, no Malba (Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires), entre quadros de Portinari, Tarsila do Amaral e Frida Kahlo, descobri o pintor argentino Xul Solar.

Seu estilo de inspiração surrealista, lembrando o de Paul Klee, me levou ao museu Xul Solar, a menos de três quilômetros do Malba. Lá, 86 de seus trabalhos converteram a casa do pintor numa galeria de imagens oníricas. Em uma delas, uma cidade suspensa por balões de ar quente flutua sobre uma vila medieval.

É igualmente convidativo o tour feito com a Graffitimundo para conhecer a arte de rua de Buenos Aires, que explodiu durante a crise econômica de 1998-2002, quando grafiteiros cobriram os muros de edifícios com murais vibrantes, muitas vezes com a permissão dos donos. Em um mural imenso, dois lutadores obesos vestindo apenas calças azul-elétricas se agarram num embate que mais parece um abraço.

Um grafiteiro criou uma colagem colorida de estênceis pintados com spray para decorar a fachada do restaurante Tegui, que encomendou o trabalho. A figura central do mural é um homem com tentáculos de polvo, cercado pelos rostos de figuras famosas (como Prince e Ray Charles) e outras nem tanto, rinocerontes e caracteres chineses que, segundo o guia, dizem "aprenda chinês".

Feito a pé e de van, o passeio inclui visita a um ateliê onde grafiteiros cortam seus estênceis e testam os desenhos sobre telas e a uma galeria que vende os quadros dos artistas.

TANGO? NÃO!

Em vez do tango, fui conhecer outra criação argentina: a Fuerza Bruta, colisão pós-moderna de ritmos percussivos e imagens aéreas realizada em sua maior parte muito acima da plateia.

Ao som de tambores, duas acrobatas, suspensas por cordas e polias fazem piruetas.

Em cima de uma lona de plástico suspensa sobre o público, mulheres seminuas mergulham e se entrelaçam sobre lençóis d'água. E então esse aquário humano desce para o público, que dança ao som de música eletrônica.

Com o câmbio favorável (R$ 1 equivale a 0,3886 peso argentino), até me animei a comprar vinhos de qualidade e um casaco de couro para minha mulher.


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