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Era uma vez

Conheça cinco espaços culturais de Madri em imóveis onde já funcionaram, por exemplo, matadouro e banco

DAIGO OLIVA ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Antigos edifícios industriais, um hospital, um matadouro e uma agência bancária. Todos transformados em pontos de cultura de Madri.

Na capital espanhola, ao menos cinco espaços multidisciplinares --com exposições, shows, cursos e atividades sociais-- foram construídos a partir de instalações comerciais desativadas.

La Casa Encendida, complexo cultural de 6.500 m² no centro de Madri, ocupa um prédio construído em 1903 onde funcionava uma casa de penhores e, posteriormente, um banco. A construção, erguida pelo italiano Fernando Arbós, foi expandida e reinaugurada no final de 2002 com ampla programação gratuita de exposições de arte contemporânea, arquitetura e design.

Nos três andares do edifício há também uma sala de cinema, terraço e um restaurante pequeno e charmoso. A decoração descolada, que inclui um lustre feito com tubos de canetas transparentes, é um dos destaques do local.

"A reforma respeita o desenho original da fachada, das escadas e das duas torres. Mas não há a sensação de estar em um prédio antigo", afirma Lucía Casani, diretora cultural da instituição.

A palavra "encendida" (acesa, em português), presente no nome do centro cultural, refere-se a um poema do espanhol Luis Rosales e "quer dizer ocupação', uma casa cheia de vida", explica José Guirao, diretor do espaço.

Guirao foi diretor do museu Reina Sofia na década de 1990 e liderou o processo que levou à construção do anexo da instituição.

O novo edifício, projeto do premiado arquiteto francês Jean Nouvel, faz conexão com o espaço original do Reina Sofia, ex-sede do hospi- tal-geral de Madri. A construção abriga, entre outros trabalhos importantes, "Guernica", de Pablo Picasso.

"A principal vantagem da utilização desses edifícios é a idoneidade do espaço. Normalmente são grandes, arejados, com estética industrial e com muitas possibilidades expositivas", explica Isabel Quintana, conselheira técnica do Ministério da Cultura da Espanha.

A prática de reaproveitamento de espaços tem outros exemplos espalhados pela cidade. A Tabacalera, antiga fábrica de fumo no cen- tro de Madri, tornou-se um centro autogestionado com exposições, palestras e montagens teatrais. Atualmente, a galeria apresenta uma coletiva com jovens fotógrafos espanhóis.

No boêmio bairro de Ma- lasaña, uma fábrica de cer-veja deu lugar ao Museu ABC. Completamente remodelado e com arquitetura contemporânea, a instituição exibe mostras surpreendentes de design e ilustração, como a exposição recente dedicada à história da loteria espanhola, com mobiliários e cartazes publicitários desde a década de 1920.

O exemplo mais latente da remodelação de antigos espaços comerciais é o Matadero. Antigo matadouro municipal, o espaço funcionou até 1996, quando foi fechado. A reforma, orçada em € 100 milhões (R$ 326 milhões), manteve a estrutura dos prédios, de tijolos, mas combinou elementos modernos.

"A sala de cinema mais linda da Europa", brinca Carlota Álvarez Basso, diretora de programação do Matadero, é decorada com fileiras de tubos de iluminação de LED.

O espaço de 55 mil m² é um polo de eventos cultu- rais das mais diferentes áreas. "Contar com edifícios e espaços comuns permitiu que se formasse uma espécie de cidade da cultura, onde cabem todos os tipos de discipli- nas artísticas ao mesmo tempo", afirma a diretora.

Com média de 700 mil visitantes por ano, o centro cultural também promove residências artísticas em colaboração com países como Japão, França, Turquia e Brasil. Em setembro deste ano, a galeria Pivô de São Paulo vai realizar uma parceria com o centro cultural espanhol.

"A linha que norteou as intervenções [no prédio original] é a reversibilidade, de modo que os edifícios podem ser facilmente de- volvidos ao seu estado ori- ginal. Mantivemos os vestígios do passado para refor-çar o caráter experimental das novas instituições", completa Álvarez Basso.


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