Folha de S.Paulo

Santa Fé respira arte e cultura indígenas

FERNANDA EZABELLA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO NOVO MÉXICO

As construções de adobe que formam a cidade de Santa Fé dão a dica de que estamos num lugar cheio de história. Suas casas cor de barro e quinas arredondadas, em contraste com o céu quase sempre sem nuvens, fazem da capital mais antiga e alta dos Estados Unidos um dos lugares mais fascinantes do país.

Santa Fé foi ocupada por povos indígenas por volta do século 11, uma cultura que permanece com força, em especial nas lojas de joias de pedra turquesa e de cerâmicas das tribos hopi e zuni.

Os espanhóis chegaram séculos depois e, em 1610, fizeram da cidade uma das capitais de seu Novo Mundo, status mantido até a tomada por mexicanos e americanos.

Para voltar ao tempo, basta visitar a Casa Vieja de Analco, construída sobre uma fundação de mais de 800 anos. Foi habitada por índios, espanhóis e até por uma bruxa. Segundo os moradores de Santa Fé, essa é a casa mais antiga dos EUA --há, porém, quem duvide desse título.

Como há também controvérsia sobre a igreja San Miguel Mission, considerada pelos habitantes a mais velha do país.

Mas Santa Fé não vive do passado. A cidade tem uma charmosa rua --a Canyon Road-- dedicada a dezenas de galerias contemporâneas e estúdios, um passeio que pode ser feito a pé e terminar no Café des Artistes, restaurante informal onde a salada de salmão custa US$ 9,95 (R$ 23), ou no premiado restaurante Geronimo, bem refinado. Lá, um prato de noodles com trufa negra e lagosta sai US$ 37 (R$ 86).

Para conhecer de onde vêm os ingredientes frescos --e apimentados-- da culinária local, Santa Fé tem uma feira tradicional aos sábados. A Farmers' Market in the Railyard é um bom lugar para começar o dia antes de visitar os museus da cidade.

Os mais incríveis são o museu Georgia O'Keeffe (leia mais na pág. F5) e o Museu Internacional de Folk Art, com uma das maiores coleções de arte popular do mundo. São centenas de obras de diversas culturas instaladas em vitrines lado a lado, sem identificação. É com um livrinho que ficamos sabemos que os bonecos de madeira com cara de artesanato brasileiro são, na verdade, da Etiópia.

Logo à frente está o Museu de Cultura e Arte Indígena. Vale a pena esperar por um tour com um dos voluntários, geralmente aposentados entendidos do assunto. Não deixe de ver uma rede gigante, de cerca de 45 metros, feita de cabelo humano, aproximadamente no século 13, que foi encontrada numa caverna usada para sepultamentos.

A lojinha do museu tem vasta literatura sobre índios nos Estados Unidos, e o guia ainda deu uma ótima dica da casa Kakawa Chocolate, que serve a bebida quente do jeito que os nativos tomavam. Uma fatia de brownie com pimentas locais sai US$ 2,95 (R$ 6,90).

CASA VIEJA DE ANALCO
ONDE 215 East de Vargas Street

SAN MIGUEL MISSION
ONDE 401 Old Santa Fe Trailquando seg. a sáb., das 9h às 17h; dom., das 10h às 16h
QUANTO a igreja pede doação de US$ 1 (R$ 2,30)

CAFÉ DES ARTISTES
ONDE 223-B Canyon Road
QUANDO todos os dias, das 10h às 17h
SITE cafedesartistessf.comgeronimo

GERONIMO
ONDE 724 Canyon Road
QUANDO todos os dias, a partir das 17h45
SITE geronimorestaurant.com

FARMERS' MARKET NA RAILYARD
ONDE 1.607 Paseo de Peralta
QUANDO sáb., das 8h às 13h; entre maio e novembro, às ter.
SITE santafefarmersmarket.com

MUSEU INTERNACIONAL DE FOLK ART
ONDE 706 Camino Lejo
QUANDO ter. a dom., das 10h às 17h
QUANTO US$ 9 (R$ 21)
SITE internationalfolkart.org

MUSEU DE CULTURA E ARTE INDÍGENA
ONDE 710 Camino Lejo w
QUANDO ter. a dom., das 10h às 17h
QUANTO US$ 9 (R$ 21)
SITE indianartsandculture.org

KAKAWA CHOCOLATE
ONDE 1.050 Paseo de Peralta
HORÁRIO seg., qui., sex. e sáb., das 10h às 18h; dom., das 12h às 18h
SITE kakawachocolates.com