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No caminho do trono

Paisagens naturais e históricas usadas como locações em 'Game of Thrones' fazem a Irlanda do Norte se abrir ao turismo de séries

ROBERTO DE OLIVEIRA ENVIADO ESPECIAL À IRLANDA DO NORTE

Dentro de um "black cab", os tradicionais táxis pretos britânicos, enquanto o passageiro engata uma conversa, o motorista de sotaque "batata quente na boca" contorce o pescoço para trás e pergunta: "Você cruzou o oceano para ver os cenários de Game of Thrones'?".

Mark é um taxista de 51 anos, 30 dos quais rodando pelas ruas de Belfast, e, há menos de 12 meses, empenhado em organizar um número cada vez maior de tours pela capital do país (2h, £ 40; R$ 148, quatro pessoas).

Ele é um entre os milhares de moradores da Irlanda do Norte que têm motivo de sobra para sair declamando versos de amor à série da HBO que se transformou num dos maiores fenômenos da TV (a quinta temporada deve estrear no ano que vem).

Por aquelas bandas gélidas e cinzentas do Reino Unido, só se fala naquilo. Graças a "Game of Thrones", o país se abriu diante de uma nova perspectiva para o turismo internacional. Seus cenários naturais e históricos foram emprestados a Westeros, a terra de guerras e intrigas entre dinastias do seriado.

Fãs cruzam oceanos para ver de perto paisagens tão impressionantes como The Dark Hedges, um corredor de árvores de galhos retorcidos, por onde Arya Stark, uma garota da realeza que se disfarça de garoto, foge dos inimigos em um carro de boi, ou Cushendun, a praia rochosa onde a sacerdotisa Melisandre dá à luz um assassino sobrenatural em uma caverna.

Espera-se que o mesmo efeito da trilogia "O Senhor dos Anéis", que imprimiu de vez o mapa da Nova Zelândia na rota internacional, recaia agora sobre a Irlanda do Norte, onde "Game of Thrones" mantém um estúdio fixo.

A trégua nos históricos conflitos entre católicos e protestantes, que já mataram 3.600 pessoas, ajuda a desenhar um cenário mais propício e abre oportunidades de explorar outras atrações, como a Calçada dos Gigantes, curiosa paisagem formada por 40 mil blocos de basalto que cobrem parte do litoral.

No verão de céu inconstante, a temperatura nesta época é agradável: na casa dos 20°C --num país onde chove durante dois terços do ano.

Vale ressaltar, contudo, que não é o tipo de viagem exclusiva para quem morre de amores pela série. Sugestão: que tal aproveitar uma ida a Londres e dar uma esticada de uma semana até lá?

Pequenina, a capital, Belfast, pode ser percorrida a pé com tranquilidade, mas a jornada ganha ares bucólicos e surpresas conforme o peregrino se embrenha pelos interiores, onde a natureza faz a trilha, seja na força bruta do mar gélido que esculpe formações mirabolantes em rochas e penhascos, seja nas correntes de ventos que contorcem árvores seculares.

Em meio a vales, penhascos, falésias e montanhas da Costa Norte, é impossível transitar por mais de um quilômetro sem avistar rebanhos de ovelhas pelo caminho ou cruzar com campos amarelos cobertos de colza (florzinha amarela que é uma praga por lá). Da mesma forma, é difícil não tropeçar em turistas uniformizados trajando camisetas da série baseada na saga "As Crônicas de Gelo e Fogo", de George R.R. Martin.

Nas andanças, percebe-se, contudo, que o cenário real e fascinante da Irlanda do Norte é bem mais impactante que o de uma locação de seriado.


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