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Sob forte influência católica, Mariana revive o século 18

Na primeira capital mineira, é na igreja da Sé onde estão maiores tesouros da arte sacra local; acesso custa R$ 5

Na cidade, viveu o poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens; arte poética da região busca formas autênticas

DO ENVIADO A MARIANA

A cidade histórica de Mariana, a cerca de 15 quilômetros de Ouro Preto e localizada na principal região mineradora do período colonial brasileiro, é comumente chamada por seus habitantes de "a primaz de Minas".

Ela foi a primeira vila, a primeira cidade e a primeira capital de Minas Gerais.

Batizada como Ribeirão do Carmo, quando fundada no apagar das luzes do século 17 (após a descoberta de fabulosas jazidas de ouro na região, em 1696, por bandeirantes), a cidade tornou-se um dos centros da política mercantilista portuguesa até a ascensão de Vila Rica -atualmente Ouro Preto.

A importância da aldeia colonial tornou-se tamanha que logo ela deixou de se chamar Ribeirão do Carmo para então homenagear a rainha Maria Ana d'Áustria, mulher do rei português dom João 5º.

Isso lhe valeu benesses do reino lusitano, chegando a receber de presente da Casa Real, em 1753, um órgão alemão Arp Schnitger.

A Sé de Mariana guarda, certamente, os maiores tesouros da arte sacra na cidade. Além do órgão, apresentado em concertos ao público semanalmente há mais de 20 anos), a igreja, de 1709, com grande parte da sua estrutura de madeira, é contígua ao Museu Arquidiocesano de Arte Sacra.

O acesso ao museu é permitido com o mesmo bilhete que dá direito à visita ao templo, ao custo de R$ 5.

DOIS MESTRES

O acervo do museu é rico em objetos de ouro e prata (como crucifixos, castiçais, turíbulos, relicários e até tesoura para cortar pavio de vela), além de uma fonte de pedra-sabão (chamada, tradicionalmente, de "o mármore mineiro") atribuída a Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho.

Também há pinturas de Manoel da Costa Athayde (com destaque para a "Queda de Jesus", tela famosa que mede 1,83 m x 1,10 m).

Aleijadinho e Athayde são considerados os maiores expoentes da arte barroca em terras mineiras.

Athayde, aliás, é marianense, e seu corpo está enterrado na igreja de São Francisco de Assis, concluída em 1794. Atualmente, o templo está fechado para reforma.

O conjunto arquitetônico do centro histórico de Mariana inclui, também, a igreja de Nossa Senhora do Carmo, de 1784, reconstruída após um incêndio que a danificou gravemente nos anos 90.

Na praça Minas Gerais, está o mais belo cenário barroco local: de um lado, a igreja de Nossa Senhora do Carmo; do outro, a igreja de São Francisco de Assis. Mais adiante, fica o prédio da antiga Câmara e Cadeia colonial (atual Câmara Municipal).

No centro da praça, fica o pelourinho, um pequeno obelisco com dois braços de ferro sustentando uma balança e uma espada (representam, respectivamente, a justiça e a força), encimadas pelo brasão da coroa de Portugal.

O conjunto das igrejas marianenses estaria incompleto sem o templo dedicado a são Pedro dos Clérigos, de 1752 -aliás, da praça onde ele fica, tem-se uma das melhores vistas da cidade.

Vale mencionar ainda o seminário São José, onde há um afresco inspirado na capela Sistina, do Vaticano.

NOVA POESIA

Mariana também é movida pela arte poética. Não é à toa que nela viveu o poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens (a casa onde ele morou, localizada na rua Direita, pode ser visitada).

Hoje, os poetas que habitam a cidade parecem manter o espírito que engendrou o arcadismo mineiro, no século 18, uma das primeiras grandes manifestações da literatura brasileira.

Eles querem expressar o máximo de poesia num mínimo de palavras. Tal desejo, ensejado pela concepção de poesia do escritor norte-americano Ezra Pound, anima o grupo de poetas locais.

"Saudade:/pedra/bruta/no/pulmão/d'alma", recita a poeta e artista plástica Andreia Donadon Leal.

Mariana é, de fato, uma cidade "primaz".

Em que outra cidade setecentista um repórter poderia se deparar com dois poetas de um humor tão singular?

É o que se vê em "Histórica/Mariana/pedras/preciosas/sobem/ladeiras" (de José Sebastião Ferreira) e "Espuma/apruma/tempestade:/convés/és/saudade!" (de Gabriel Bicalho).

(EUCLIDES SANTOS MENDES)


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