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Fazendas históricas do vale fluminense revivem século 19

Região exibe o que foi preservado do período escravocrata, quando os barões do café ostentavam poder e riqueza

Tour em propriedades, por vezes conduzido por guias em trajes típicos de época, destaca ciclo da República Velha

RAFAEL MOSNA ENVIADO ESPECIAL A CONSERVATÓRIA

Um espaço de 80 m2, sem janelas, acomodava de 20 a 30 escravos. O chão, de madeira, mostra em suas frestas uma espécie de porão.

"Embaixo ficavam os animais", conta o barão de Mambocaba, devidamente vestido com trajes do século 19, ao mostrar um dos quartos da antiga senzala da fazenda Ponte Alta, nas proximidades de Conservatória (a 148 km do Rio, distrito de Valença).

Quem interpreta o barão é José Roberto Barbosa de Freitas, professor de história.

Ele e a baronesa de Mambucaba (Michele Assunção, também formada em história) mostram a fazenda e apresentam um sarau, retratando o cotidiano da aristocracia cafeeira no vale fluminense do século 19.

"Na Ponte Alta, a casa grande não é original, mas as senzalas foram preservadas. Com a libertação dos escravos, elas serviram de moradia para os colonos", explica Michele. "Durante o governo de Getúlio Vargas [1930-1945], a ideia era esquecer o passado e viver um novo Brasil. A preocupação com preservação histórica só veio depois."

Não foi o que ocorreu com a fazenda Taquara. Aos cuidados de uma mesma família desde os tempos áureos do café, é apresentada por Marcelo Streva, um dos tataranetos do fundador.

A visita é focada na história da família e da fazenda, contextualizando-a com o período econômico e político do século 19. É assim que acontece em outros tours de antigas propriedades da região.

No entanto, na Taquara, que tem muitos móveis originais do período escravocrata, Marcelo não está vestido com trajes de época.

"Do lado do quarto principal do casal, há esse cômodo pequeno. Era da mucama, com a qual o barão tinha relações", diz ele, sem rodeios.

SKATE NO SÉCULO 19

Magid Breves Munis é a sinhá da fazenda Prosperidade -e a atual dona da propriedade. Nas andanças pelos cômodos, nota-se uma TV na sala e um skate no canto de um dos quartos. "É do meu neto", conta ela.

Sim, a casa ainda está habitada. Só o oratório (um são João e uma pia batismal em madeira) e uma mesa de jacarandá de quase 4 m são originais da fazenda. Nos fundos, há restos da senzala, ruínas que resistiram ao tempo.


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