Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Veículos

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Retrovisor

Denis Cisma denis@cisma.com.br

De pai para filho

A sisudez é quebrada quando Dmitry Lomakov começa a falar do museu; tudo começou com seu pai, Alexander

Chove muito em Moscou, e estou indo para o museu Lomakov de veículos antigos. No caminho, converso com Sasha, meu motorista/tradutor, que me conta da Rússia na época comunista.

Para ter um carro, era necessário justificar essa necessidade e esperar pelo menos dois anos para retirar a autorização. O pai de Sasha tinha um.

Chegamos. Parece mais um ferro velho. Uma senhora acende as luzes e entro no galpão de terra batida. Entre armas e outras memorabilias, conto uns 40 carros e motos, nenhum restaurado. Do lado de fora, outros 150 tomam chuva.

O dono de tudo, Dmitry Lomakov, 48, chega desconfiado e avisa que não fala inglês. Ainda bem que eu trouxe o Sasha!

A sisudez é quebrada quando Dmitry começa a falar do museu. Tudo começou com seu pai, Alexander, que trabalhou na fabricante russa Zil e restaurou um Rolls-Royce que pertencia a Lenin.

Alexander guardava (ilegalmente) uma coleção de carros alemães nazistas. Troféus de guerra. Quando o governo descobriu, passou a escavadeira por cima de tudo. A paixão por antigos em Dmitry surgiu aos 12 anos, quando seu pai presenteou-o com uma Harley-Davidson militar 1942 desmontada.

Tempos depois, Dmitry arrumou um Mercedes 1936 e, para não cometer o erro do pai, achou uma maneira de ter uma coleção de carros dentro das leis soviéticas: abrir um museu!

Depois de uma longa luta burocrática, ele abriu, em 1986, o primeiro museu "privado" de toda USSR, que consistia em um carro e algumas motos.

Dmitry vende peças, aluga carros para filmagens e transporta noivas. Faz qualquer negócio para manter o museu.

Aperto sua mão feliz de ter conhecido alguém tão apaixonado por antigos e peço para tirar uma foto. Ele chama Serafim, seu filho.

O menino via pegar o seu "Packard" a pedal. Orgulhoso, buzina o carrinho e estaciona bem na minha frente, dando a certeza que essa luta vai continuar por mais uma geração.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página