Folha de S.Paulo

Farol Alto

O espírito do tempo

Frankfurt é a tradução motorizada do espírito do tempo. A história do salão começou em outra cidade, a Berlim do ano de 1897.

A edição de estreia da mostra alemã reuniu não mais que sete ou oito carros 11 anos depois de o Benz Patent-Motorwagen, o primeiro automóvel da história, dar suas voltas iniciais.

A exposição do século 19 registrou a consolidação do carro de passeio, que na época tinha preço inacessível. Era como se no evento de agora só houvesse modelos Ferrari e Rolls-Royce.

Vieram as guerras e, após o segundo conflito, os automóveis foram reconstruídos junto com a Europa.

A Alemanha levou alguns anos para realizar um novo evento do setor. A primeira edição da exposição de Frankfurt no formato atual aconteceu em 1951.

Desde então, a mostra registra a evolução da mobilidade e os caminhos do homem sobre a terra.

Lá foram exibidos o primeiro Porsche 911 (1963), o conceito que deu origem ao Golf GTI (1975) e a Ferrari F40 (1987). E agora, qual será o carro que entrará para a história da mobilidade entre tantos exibidos em Frankfurt? Os candidatos mais fortes têm motores híbridos de alto desempenho, mas precisam do tempo para mostrar valor.

Não há nenhuma estrela absoluta, nem o Mercedes Classe S que pode andar sem a interferência do motorista ou o Porsche de três motores. São fantásticos, mas não trazem tecnologias inéditas.

O lado prático predomina, pois é preciso atrair consumidores que não veem os carros da mesma forma que seus pais. Os construtores europeus sabem que nada será como antes no continente.

Recordes de venda são para os emergentes e os norte-americanos. No Velho Mundo, o alvo é voltar a crescer até um patamar que, ao menos, relembre os bons tempos.

No futuro, talvez a edição 2013 do Salão de Frankfurt seja lembrada pelo esforço das marcas em apresentar carros de fácil aceitação.

É o momento de adequar-se ao respeitável público, sem correr riscos em um mercado que busca a recuperação na Europa.