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Livro reconta a história do 'carro do povo'

Em "The People's Car", Bernhard Rieger descreve a origem do Fusca na Alemanha nazista e seu sucesso no mundo

O escritor faz um relato divertido sobre as tentativas fracassadas de desenvolver um carro alemão barato

SIMON WINDER DO "GUARDIAN"

Em agosto de 1955, o milionésimo Fusca saiu da linha de montagem da Volkswagen em Wolfsburg. A cerimônia foi assistida por 100 mil pessoas, conta um dos presentes, com "dançarinas do Moulin Rouge estendendo as pernas, corais de negros cantando spirituals', dançarinas das Highlands escocesas saracoteando ao som de gaitas de fole".

O novo livro de Bernhard Rieger é ocasionalmente fascinante, mas, na segunda metade, não consegue escapar ao tédio de uma história de mercadoria, sem carga ideológica.

Contudo, é evidente que a primeira metade da existência do Fusca, de suas origens no Terceiro Reich até o momento das dançarinas escocesas, o distinguem de um simples objeto de fetiche mecânico, e é quanto a isso que "The People's Car" se prova mais interessante.

PREÇO BAIXO

O termo "Volkswagen" talvez seja o mais duradouro vestígio que resta da terminologia do Terceiro Reich --o "carro do povo", que no passado teve por companhia o "rádio do povo" e o "trator do povo", com "povo" sendo o termo usado para descrever os alemães não judeus.

As origens do modelo estão na luta para criar um automóvel alemão genuinamente barato. Nada demonstra mais vividamente a ruína da classe média alemã do período entre as guerras do que a baixa proporção de famílias que tinham automóveis, se comparada aos padrões de Reino Unido, França e Estados Unidos.

Rieger oferece uma estimativa de que, no começo da década de 1920, havia cerca de 81 mil carros de passeio em uso na Alemanha, ante 15,4 milhões nos EUA em 1925.

Havia tão poucos carros nas rodovias alemãs que as primeiras normas de tráfego promulgadas pelos nazistas determinavam que os motoristas só precisavam respeitar as mãos de direção caso houvesse trânsito vindo na direção oposta.

O escritor faz um relato divertido sobre as tentativas fracassadas de desenvolver um carro alemão barato e de sucesso --o Hanomag (ou "pão de forma com rodas"), o Opel "rãzinha", o BMW "Dixi". Todos terminaram em fracasso, pois não existia dinheiro suficiente em circulação para tornar plausível a posse de um automóvel.

Hitler e seu séquito aprovavam tanto os métodos de produção de Henry Ford como seu antissemitismo. Ao chegar ao poder, um dos primeiros atos do líder foi anunciar a meta de um "carro do povo", um veículo de quatro portas vendido a mil marcos.

Ao longo dos anos 1930, o problema continuava a ser o preço baixo demais. Se o VW tivesse entrado em linha antes que a Segunda Guerra Mundial eclodisse, seu custo de produção seria duas vezes superior ao preço de venda.

HISTÓRIA
The People's Car
Bernhard Rieger
EDITORA Harvard University Press
QUANTO R$ 42 (Amazon.com)
O livro conta as origens do Fusca e da Volkswagen, analisa o momento da indústria alemã no período nazista e mostra como o carro ganhou o mundo.


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