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Farol Alto

Dois irmãos

Ronaldo reclama que é difícil estacionar em Copacabana; Cristiane diz que ele é escravo do carro

Ronaldo tem uma picape chinesa, dessas que são pouco mais que um carrinho de cachorro-quente com caçamba. Tem também um sedã automático, com dez anos de estrada. Seu filho vai para a faculdade em um compacto 1.0. Sem os carros, eles não vão a lugar algum.

Cristiane tem apenas um veículo na garagem, que só sai às ruas nos fins de semana. Nos outros dias, usa transporte público ou anda a pé. Sua filha vai para a faculdade de ônibus.

Ronaldo e Cristiane são irmãos. Ele tem uma microempresa de produtos de limpeza, daí a necessidade da picape. Ela é professora. Ele mora em Campo Grande, bairro a 50 quilômetros do centro do Rio de Janeiro. Ela, em Copacabana.

O prédio de Cristiane fica em frente a uma estação do metrô. Na esquina, passam ônibus que podem levá-la a qualquer região da cidade, as opções beiram o infinito.

Se quiser deixar o carro na garagem para visitar Cristiane, Ronaldo terá de andar 500 metros até o ponto de ônibus mais próximo de sua casa. Após esperar 20 minutos pela condução, viajará por cerca de uma hora até uma estação de metrô. Serão viagens que consumirão, no mínimo, quatro horas entre ida e volta.

Por isso ele vai de carro, e reclama da dificuldade para estacionar em Copacabana. Cristiane diz que seu irmão é escravo do automóvel.

O filho de Ronaldo estuda em uma universidade mal assistida por transporte público, na divisa do Rio de Janeiro com a cidade de Seropédica. O acesso é péssimo, há buracos e ondulações por todo o trajeto.

Entre o ato de dar bom dia ao porteiro e embarcar no ônibus rumo à faculdade, a filha de Cristiane não gasta mais do que cinco minutos. A viagem também é rápida.

Eles são personagens reais, com vidas comuns e perfis no Facebook. Moram na mesma capital e mostram o quanto as discussões sobre como melhorar o trânsito nas grandes cidades permanecem travadas pela fartura dos bairros nobres e o deus-dará da periferia.


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