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Farol alto
EDUARDO SODRÉ eduardo.sodre@grupofolha.com.br
Executivos chineses
Eles enxergaram o potencial do Brasil e resolveram se adequar; são rápidos, mas teimosos
Executivos chineses do setor automotivo são rápidos, porém teimosos. Não é fácil convencê-los de que é preciso seguir um determinado caminho para que seus carros sejam bem aceitos.
Entretanto, logo que reconhecem que o projeto ficará melhor se acatarem as propostas dos parceiros, o discurso muda. Tornam-se ávidos em ouvir, viram discípulos.
Essas percepções são um resumo do que se ouve em conversas com gente que trabalha com os chineses na indústria veicular. São pontos que ajudam a entender o que vem por aí, no momento em que a fábrica da Chery é inaugurada.
A rapidez aparece na facilidade em se adaptar aos mercados. Eles enxergaram o potencial do Brasil e resolveram se adequar às peculiaridades de nosso mercado antes mesmo das restrições aos importados e do Inovar-Auto. Estavam decididos a produzir aqui, e não se abalaram com as mudanças repentinas de regras.
Mas aí vem a citada teimosia. Na ânsia de exportar e ganhar mercado, fecharam parcerias com empresas locais e começaram a exportar seus automóveis para este lado do planeta.
Os primeiros a chegar foram produtos abaixo dos padrões desejados pelo consumidor brasileiro, e nem preços atraentes aliados a muitos equipamentos conseguiram convencer o público. As vendas não decolaram nos primeiros anos.
Chegamos à terceira etapa: os executivos chineses começam a ouvir seus parceiros, e dão o braço a torcer. Precisam de produtos melhores se quiserem realmente conquistar o Brasil, e passam a prestar total atenção nas instruções de quem conhece o mercado local.
Ao juntar essa característica à rapidez, eles têm a chance de crescer no mercado e provar que valeu à pena investir em fábricas no país. Mas falta descobrir se um passo errado nessa fase, que demande mudança de trajetória, não irá esbarrar em um novo rompante de teimosia.