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Choque da realidade

Um dia ao volante do Twizy em Paris mostra que os elétricos ainda são melhores na teoria do que na prática

FERNANDO VALEIKA DE BARROS ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Paris é a capital europeia do carro elétrico. Desde dezembro de 2011, a cidade tem um programa de compartilhamento desse tipo de veículo, o Autolib.

Além disso, a França é o país onde há o maior número de modelos movidos a eletricidade à venda. Uma das opções é o Renault Twizy, que a Folha dirigiu por um dia.

A versão testada oferece 17 cv, suficientes para o carrinho que pesa 450 kg e tem 2,33 m de comprimento -metade do tamanho de um Chevrolet Cruze e pouco mais de um terço do seu peso.

Os dois ocupantes vão sentados um atrás do outro, como nas motocicletas. O volante (com airbag) fica no centro do painel, e as portas se abrem para cima.

Não há pedal de embreagem, pois os carros elétricos não precisam trocar marchas. O botão de comando tem apenas as letras "D" (de "drive", para que ele vá em frente), "R" (marcha a ré) e "N" (neutro).

O teste começou em Boulogne-Billancourt, nos arredores de Paris, onde fica a sede da Renault. O som do atrito dos pneus no asfalto lembra o sopro de uma turbina, e a combinação de suspensão firme com rodas pequenas faz os ocupantes sentirem todas as imperfeições do piso.

Uma vez embalado, o Twizy torna-se bastante divertido. O carrinho pode chegar aos 85 km /h de velocidade máxima. Porém, quanto mais rápido, mais gasta energia.

FRIO

Por razões de projeto, o carro da Renault é mal vedado. As portas são vendidas à parte e custam o equivalente a R$ 1.250. Quando instaladas, são fechadas por meio de zíperes, mas não trazem janelas. Segundo a Renault, o peso dos vidros iria elevar o centro de gravidade e prejudicar a estabilidade do carro.

Orifícios junto às rodas fazem com que o vento invada a cabine -no dia do teste, a temperatura em Paris estava próxima de 0ºC.

O para-brisa desvia o fluxo do ar para os lados, mas atende bem somente ao motorista. No banco traseiro, a solução é usar roupas grossas ou cobertores.

A lista de equipamentos é minguada. Há uma tomada que permite ligar um GPS na cabine, dois porta-luvas e um espaço com capacidade para 31 litros situado embaixo do banco traseiro.

É pouco para um carro cuja versão testada custa 9.180 euros (R$ 23.400) nas lojas parisienses.

SEM INCENTIVOS

Eis o problema: por ser considerado quadriciclo, o Twizy não desfruta de incentivos fiscais na França. Caso fosse classificado como carro de passeio, teria direito a um bônus de 5 mil euros (R$ 12.750) pagos pelo governo local.

O uso do Twizy (e também dos demais elétricos) esbarra em questões como a falta de postos de recarga rápida em Paris e a topografia da cidade, repleta de ladeiras que devoram a energia armazenada nas baterias. Mesmo assim, os franceses estão muito à frente do Brasil, onde não há legislação que beneficie os carros não poluentes.


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