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ONU pede R$ 126 milhões em doações para o Quirguistão
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A Organização das Nações Unidas lançou um apelo de emergência de US$ 71 milhões (R$ 126 milhões) para ajuda humanitária no Quirguistão, onde cerca de 400 mil pessoas foram deslocadas devido à violência étnica, afirmou secretário-geral da ONU nesta sexta-feira.
"Neste momento o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, em inglês) está lançando um apelo urgente de US$ 71 milhões para o Quirguistão" disse o secretário, Ban Ki-moon, a repórteres.
O chefe do escritório para assuntos humanitários, John Holmes, vai se reunir com países membros da ONU para recolher doações. Segundo Ban, um pedido de auxílio parecido também será emitido para o Uzbequistão, que está recebendo milhares de refugiados do Quirguistão, na semana que vem.
O secretário afirmou que há escassez de alimentos, água e energia elétrica em partes do Quirguistão devido a saques, falta de abastecimento e também restrições à circulação.
"Os hospitais e outras instituições estão funcionando com poucos suprimentos", disse Ban. Sobre os refugiados, afirmou que dezenas de milhares de pessoas já estariam esperando para atravessar a fronteira com o Uzbequistão.
O secretário-geral disse que já tinha contatado a líder interina do Quirguistão, Roza Otunbayeva, e o presidente do Uzbequistão, Islam Karimov, para explorar opções para restaurar a ordem, evitar mais perdas de vida e de coordenar a assistência humanitária.
Mortos
A presidente interina do Quirguistão, Roza Otunbayeva, disse nesta sexta-feira que cerca de 2.000 pessoas podem ter morrido na onda de violência que atingiu o país na última semana --um número dez vezes maior que o oficial.
O vice-chefe do governo provisório, Azimbek Beknazarov, estimou os mortos em cerca de 223 nesta quinta-feira, mas outras autoridades dizem que o número pode ser bem maior.
As mortes se deram devido aos conflitos étnicos entre quirquizes e uzbeques, ocorridos em sua maior parte na cidade de Och -- a segunda maior cidade do Quirguistão, no sul do país.
"Eu aumentaria em dez vezes o número oficial de pessoas mortas", afirmou Otunbayeva, de acordo com sua porta-voz, Farid Niyazov.
"O número correto [de mortos] seriam aproximadamente 2.000", disse Niyazov.
Segundo ela, as estimativas atuais não levam em conta aqueles que foram enterrados antes do pôr do sol no mesmo dia em que foram mortos, conforme manda a tradição islâmica.
O número oficial inclui de mortes apenas as mortes registradas nos principais hospitais. Também hoje, a ONU anunciou que a violência étnica no Quirguistão pode ter afetado 1 milhão de pessoas.
Crise
O Quirguistão, que ganhou a independência após o colapso da ex-União Soviética, em 1991, enfrenta grave crise política desde a deposição de Kurmanbek Bakiyev, em 7 de abril.
De seu auto-exílio em Belarus, Bakiyev nega envolvimento com a onda de violência, e acusa o governo interino de não ser capaz de proteger a população.
Em 19 de maio, duas pessoas morreram e 74 ficaram feridas em confrontos entre quirquizes e uzbeques na cidade de Jalal Abad.
No mesmo dia, Roza Otunbayeva anunciou que governaria o país até junho de 2011, deixando de lado os planos para eleições presidenciais em outubro.
Dos cerca de 5,3 milhões que vivem no Quirguistão, 69% são de etnia quirquiz, 14,5% são uzbeques e 8,4 são de etnia russa.
No entanto, no sul do país, os uzbeques representam 40% dos cerca de 1 milhão que vivem na área de Jalal Abad e cerca de 50% na região de Och.
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