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23/06/2010 - 18h22

General britânico vai comandar tropas no Afeganistão enquanto EUA aprovam Petraeus

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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O general britânico Nick Parker, atual vice-comandante das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão, vai assumir temporariamente o controle das tropas enquanto o Congresso americano não aprova a indicação do general americano David Petraeus como novo comandante, informou o governo do Reino Unido.

O presidente dos EUA, Barack Obama, aceitou a renúncia do general Stanley McChrystal nesta quarta-feira, e nomeou o general David Petraeus para substituí-lo.

Larry Downing/Reuters
Obama anuncia que o general David Petraus irá substituir Stanley McChrystal no comando no Afeganistão
Obama anuncia que o general David Petraus irá substituir Stanley McChrystal no comando no Afeganistão

Anteriormente nesta quarta-feira, McChrystal havia deixado a Casa Branca após reunir-se a portas fechadas com Obama. Ele havia sido convocado com urgência a Washington para reuniões no Pentágono e na Casa Branca, após a publicação de uma entrevista que concedeu à revista "Rolling Stone", na qual fez duras críticas à Obama e a atuação de outros altos funcionários do governo americano.

Um alto representante do governo dos EUA disse que Obama conversou com o presidente afegão, Hamid Karzai, e com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, antes de anunciar publicamente sua decisão.

Após uma conversa por telefone, Obama e Cameron concordaram que Petraeus era a pessoa certa para substituir McChrystal, disse Cameron em comunicado. O governo britânico reiterou que continua "absolutamente comprometido" com a estratégia no Afeganistão.

"O premiê disse ao presidente sobre a determinação do general Parker de que a missão no Afeganistão "não vai perder uma batalha' durante esse período", disse o porta-voz do governo britânico.

O comunicado afirmou que Cameron era "grato" a McChrystal por seus serviços no Afeganistão e sua "contribuição para a campanha, notadamente por meio de seu papel em definir e levar adiante a atual estratégia de combate à insurgência".

Hamid Karzai, por sua vez, disse achar que substituir o comandante americano das forças internacionais no país não ajudará a resolver o conflito na região, disse seu porta-voz Waheed Oma. "O presidente considera que estamos numa situação delicada com nossos sócios, em nossa guerra contra o terrorismo, no processo de trazer a paz e a estabilidade ao Afeganistão, e que qualquer brecha nesse processo não ajudará", afirmou Oma.

Tolerância zero

Após aceitar a renúncia do general Stanley McChrystal do cargo de comandante das tropas Estados Unidos no Afeganistão e substitui-lo por David Petraeus, chefe do Comando Central dos EUA, o presidente americano, Barack Obama, disse em discurso oficial da Casa Branca que não irá tolerar divisões dentro do Exército americano.

"Hoje aceitei a renúncia do general McChrystal como chefe das tropas dos EUA no Afeganistão. Lamento, mas tenho certeza de que é a melhor opção para nosso país. Aproveito para nomear David Petraeus como o novo chefe de nossas tropas", disse Obama.

De acordo com o presidente, a medida é necessária para manter a estratégia americana no país. "Agora é hora de todos se unirem. Não posso tolerar divisões (...), precisamos nos lembrar do que se trata [o conflito], nossa nação está em guerra. Vamos quebrar o poder do Taleban e incentivar o Afeganistão e o Paquistão a fazer o mesmo", acrescentou.

No discurso, o presidente disse ainda que, apesar da decisão "continua a admirar" McChrystal. "Nos últimos 9 anos, com os EUA lutando guerras no Iraque e no Afeganistão, ele ganhou nossa admiração como um dos melhores soldados dos EUA".

No entanto, segundo Obama, os comentários "não deveriam ter sido publicados". "Tenho uma responsabilidade pelos militares que servem nesta missão vital. Devo manter o rigor de um código de conduta, tanto para novos integrantes como para o general que comanda todos".

A última vez que Washington enfrentou um contratempo tão significativo entre um presidente e um comandante durante uma operação de guerra ocorreu quando Harry Truman demitiu o general Douglas MacArthur há mais de 50 anos, em decorrência de críticas na estratégia da guerra da Coreia.

Ontem, Obama havia dito que McChrystal teria cometido um "erro de julgamento" ao fazer as críticas, mas que que desejava conversar com ele antes de tomar uma decisão sobre seu futuro.

Entrevista

No artigo publicado pela "Rolling Stone", o general se mostrou muito crítico em relação ao enviado especial dos EUA para o Afeganistão e Paquistão, Richard Holbrooke, a quem descreve como um "animal ferido", e que teme até mesmo ler os e-mails que recebe dele.

Ele também atacou o embaixador dos EUA em Cabul, Karl Eikenberry, por duvidar da necessidade do envio de mais tropas ao Afeganistão, e o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, James Jones, a quem qualificou de "palhaço".

McChrystal assumiu o comando das tropas no Afeganistão há um ano, substituindo o general David McKiernan, que discordava da estratégia adotada pelo governo americano no país.

Apesar do recente envio de reforços dos EUA, elevando a 150 mil o contingente de soldados estrangeiros, a insurgência do Taleban está no seu momento de maior força desde a queda do regime do grupo radical islâmico, em 2001.

Reação alemã

O ministro alemão de Defesa, Karl-Theo zu Guttenberg, disse hoje lamentar a saída de McChrystal.

"McChrystal era um parceiro muito confiável. Lamento não trabalhar mais com ele", disse Guttenberg.

"Espero que não haja mudanças na estratégia com essa mudança", disse o ministro, responsável por 4.300 soldados alemães no Afeganistão.

Em fevereiro, Berlim decidiu aumentar sua presença na região para 5.350 soldados. Os novos soldados devem chegar ao local em julho.

A Alemanha, que tem a terceira maior presença no Afeganistão, tem sido criticada por sua restrição em combates após a Segunda Guerra (1939-45). Pesquisas mostram que a maioria dos alemães se opõem ao envolvimento com a guerra.

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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