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25/06/2010 - 15h27

Vereadora alertou sobre perigo em estação na Espanha, diz "El Pais"

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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A vereadora Àngels Coté, da cidade espanhola de Castelldefels, já tinha alertado sobre o perigo de a passagem subterrânea da estação onde um acidente ferroviário deixou ao menos 13 mortos converter-se numa "ratoeira" no dia de São João, devido ao grande número de passageiros, informa o jornal "El Pais".

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Culpa foi das próprias vítimas, diz governo

Apenas um mês depois da reforma realizada pela prefeitura em 2009, em novembro, Coté chamou a atenção para os riscos de fechar a passagem elevada, sobre os trilhos, deixando como único meio de sair das plataformas a recém-construída passagem subterrânea.

De acordo com o jornal espanhol a vereadora advertiu as autoridades municipais mais uma vez em abril de 2010 sobre o perigo durante as festas de São João as férias de verão, quando a estação, próxima à praia, recebe um alto fluxo de passageiros.

Gustau Nacarino/Reuters
Bombeiros da Catalunha resgatam restos dos 12 mortos atropelados por um trem na Espanha
Bombeiros da Catalunha resgatam restos dos 12 mortos atropelados por um trem na Espanha

Na época o prefeito de Castelldefels, Joan Sau, afirmou que se encarregaria de dar prosseguimento às queixas, reportando-as à Adif (Administradora de Infraestruturas Ferroviárias), afirma o "El Pais", acrescentando que ainda na quinta-feira (24) o porta-voz da prefeitura confirmou que Sau reportou as denúncias da vereadora à agência federal.

Ainda de acordo com o jornal, a Adif teria insistido que a estação não apresentava problema algum em relação à segurança.

Testemunhas indicaram que a única maneira de atravessar a estação em direção à praia onde acontecia o festival era uma "estreita passagem subterrânea", pois a passarela da estação -- uma passagem elevada -- estava fechada.

A reportagem do "El Pais" indica que em 2008 a Espanha registrou a morte de 52 pessoas em acidentes ferroviários, sendo que 18 foram atropeladas em estações e 17 nos trilhos. "Em todos os casos exceto por um, a causa do acidente foi o comportamento indevido das vítimas", informou a Adif em comunicado.

Passageira foi multada

A polícia local informou que na sexta-feira (25) uma passageira foi multada ao tentar cruzar os trilhos na estação de Castelldefels, apenas 48h depois do acidente que matou ao menos 13 pessoas no mesmo local.

Após ser repreendida pelos vigilantes, a mulher negou a se identificar, o que levou os oficiais a chamarem a polícia.

Ao falar com os policiais, a mulher, de origem russa, pediu desculpas dizendo que não sabia o que tinha acontecido na estação, mas mesmo assim não escapou de pagar uma multa. O valor não foi informado.

A lei espanhola do setor ferroviário tem multas que oscilam entre 6.000 e 30 mil euros para passageiros que cruzem os trilhos de uma estação, informou um porta-voz da Adif.

Culpados

Mais cedo, o governo espanhol afirmou que os passageiros nunca deveriam ter cruzado os trilhos e que a culpa pelas mortes são das próprias vítimas.

A ministra de Justiça do governo regional da Catalunha, Montserrat Tura, disse ainda que cinco vítimas eram do Equador, duas eram da Bolívia e duas da Colômbia.

O ministro do Desenvolvimento, Jose Blanco, negou acusações de que a passagem subterrânea estivesse mal sinalizada e insistiu que os passageiros deveriam saber que "nunca, nunca, nunca, deve-se cruzar os trilhos".

"Tudo indica para negligência" dos passageiros como a principal causa do acidente, acrescentou Blanco, dizendo que espera que a tragédia faça com que as pessoas percebam a importância de se obedecer as regras das estações ferroviárias.

No entanto, testemunhas do acidente sustentam que a recém-construída passagem subterrânea não estava bem sinalizada e que a antiga passarela elevada estava fechada, deixando os passageiros confusos.

Gustau Nacarino/Reuters
Polícia espanhola pericia local do acidente; testemunha disse que estação estava "abarrotada"
Polícia espanhola pericia local do acidente; testemunha disse que estação estava "abarrotada"

De acordo com Arrellano Ruiz, cônsul do Equador em Barcelona, disse que os passageiros não viram os sinais de que a saída para a passagem subterrânea e que as setas indicavam erroneamente para a passarela elevada, fechada desde 2009 quando a estação passou por uma reforma.

O secretário de infraestrutura da Espanha, Victor Morlan, reconheceu que a passagem elevada estava bloqueada desde o ano passado mas insistiu que havia placas suficientes indicando às pessoas como chegar à praia com segurança.

Morlan acrescentou ainda que no momento do acidente havia um anúncio por alto falantes avisando aos passageiros sobre o perigo de cruzar os trilhos.

Identificação

As equipes de legistas encarregadas do caso anunciaram que nove vítimas já foram identificadas e entre elas estão cinco equatorianos, dois bolivianos e mais dois colombianos.

Fontes de uma entidade hispano-equatoriano informaram que uma das vítimas seria Rosa María Vivar Arboleda, de 19 anos, natural de Balzar, na Província equatoriana de Guaias.

A entidade identificou uma das mulheres feridas em estado grave, Lizete Olivo, de 18 anos.

Os dois colombianos mortos são John Mauricio Osorio, de 33 anos, e Jorge Eliécer Serrano, de 37, segundo informou ontem o vice-cônsul da Colômbia em Barcelona, Ramón Jaller, em comunicado da chancelaria colombiana divulgado em Madri.

Fontes da embaixada do Equador na Espanha informaram que o embaixador, Galo Chiriboga Zambrano, se deslocará amanhã a Castelldefels para liderar os trabalhos de busca e identificação de possíveis vítimas equatorianas.

O dia de São João, em 24 de junho, é feriado em várias partes da Espanha e as comemorações começam tradicionalmente na noite anterior.O acidente foi o pior do setor ferroviário da Espanha desde 2003, quando 19 pessoas morreram na colisão de dois trens perto da cidade de Chinchilla.

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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