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29/06/2010 - 07h55

Rússia diz que não há fundamento para prisão de supostos espiões nos EUA

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DE SÃO PAULO

O Ministério de Relações Exteriores da Rússia afirmou nesta terça-feira que vai investigar a prisão de dez supostos espiões russos pelo FBI (Polícia Federal americana) que fariam parte de uma rede de infiltração criada pela inteligência russa para se aproximar de fontes políticas nos Estados Unidos e reunir informações para Moscou.

Em sua primeira reação ao escândalo, o ministério russo descreveu como contraditórias e sem fundamento as acusações de que os espiões passaram ao menos dez anos reunindo informações sobre armas nucleares, o mercado de ouro e até mesmo mudanças de pessoal da CIA (Central de Inteligência Americana).

"Eles não explicaram nada para nós. Eu espero que eles o façam", disse o chanceler, Sergei Lavrov, em uma entrevista coletiva, citado pela agência de notícias Interfax.

Lavrov criticou ainda o momento escolhido pelos EUA para a operação, meses depois de um amplo esforço diplomático do governo de Barack Obama para "resetar" a esfriada relação bilateral. O ministro considerou a ação um retrocesso rumo ao status da Guerra Fria.

"Tais ações são sem fundamento e impróprias. Nós lamentamos profundamente que tudo isso tenha acontecido nos bastidores da retomada de relações declarada pela administração americana", disse o ministro, em um comunicado à imprensa.

Horas depois do presidente russo, Dmitri Medvedev, encerrar uma visita aos EUA, as autoridades americanas revelaram ter descoberto o esquema de espionagem da Rússia em solo americano e a prisão de dez dos onze indiciados. O 11º suspeito, um homem acusado de entregar dinheiro aos agentes, está foragido.

Cinco dos suspeitos compareceram a uma corte federal em Manhattan na própria segunda-feira, onde o juiz ordenou que permanecessem na prisão até uma audiência preliminar agendada para 27 de julho.

O FBI afirmou que os agentes infiltrados eram parte de um grupo chamado de "ilegais" por Moscou e que adotaram identidades americanas para conseguir entrar em thinktanks e agências do governo americano.

O SEE (Serviço de Espionagem Exterior) da Rússia declarou nesta terça-feira que não vai comentar a operação. "Nós não comentamos essas informações", disse à agência Interfax o chefe do escritório de imprensa do SEE, Serguei Ivanov.

Dois anos

A operação do FBI começou em 2009, quando foi interceptada uma mensagem criptografada enviada a dois dos acusados. Os agentes eram instruídos a "buscar e desenvolver ligações em círculos de decisão polícia nos EUA e mandar relatórios" de volta à inteligência em Moscou.

A maioria dos agentes era originalmente da Rússia e foram treinados para se infiltrar secretamente nos EUA. As acusações afirmam ainda que os membros dos "Ilegais" receberam vasto treinamento em comunicação codificada e como evitar serem pegos.

O objetivo era tornar-se "suficientemente americanizado a ponto de conseguirem reunir informações sobre os EUA para a Rússia e conseguir fontes de dentro dos círculos de decisão política dos EUA --ou que consigam se infiltrar", segundo registros policiais preenchidos por uma corte federal americana.

Os acusados teriam coletado informações desde programas de pesquisa de pequena produção, ogivas nucleares de alta penetração e o mercado mundial de ouro, tentando obter informações sobre pessoas que se poderiam se candidatar a vagas na CIA, segundo registros na corte.

Em 2009, Moscou teria pedido a dois dos agentes informações sobre a viagem de Obama à Rússia, programada para breve. Foram pedidas mais informações sobre a situação das negociações do tratado de redução de armas Start, bem como Afeganistão e a posição de Washington em relação ao programa nuclear do Irã, segundo os documentos.

Acusados

Os acusados são um casal conhecido como Richard Murphy e Cynthia Murphy, presos em Monclair, em New Jersey; Vicky Pelaez e um homem conhecido como Juan Lazaro, presos em Yonkers, no Estado de Nova York; e Anna Chapman, presa em Manhattan. Há ainda Mikhail Semenko e o casal conhecido como Michael Zottoli e Patricia Mills, presos em Arlington.

Os dois últimos, conhecidos como Donald Howard Heathfield e Tracey Lee Ann Foley, foram presos em Boston.

O suspeito conhecido como Christopher R Metsos segue em liberdade. Ele seria o responsável de receber o pagamento e distribuir entre os demais membros.

Os dez presos foram acusados de ato de conspiração como agente de um governo estrangeiro, que leva pena máxima de cinco anos de prisão. Nove dos detidos foram acusados de conspiração para lavagem de dinheiro, que tem pena máxima de 20 anos de prisão.

As prisões foram fruto de anos de investigação, incluindo escutas colocadas nas casas dos acusados. A lei federal americana proíbe pessoas de atuarem como agentes de governos estrangeiros dentro dos EUA sem notificar as autoridades locais.

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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