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29/06/2010 - 10h53

Irã diz que adiamento de diálogo nuclear não afeta troca de urânio

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DE SÃO PAULO

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Manoucher Mottaki, afirmou nesta terça-feira que o adiamento do diálogo nuclear com as potências para agosto não deve afetar uma eventual troca de urânio iraniano por combustível nuclear, como determinado em acordo assinado com Brasil e Turquia.

"A data do fim do Mordad (mês iraniano relativo a 22 de agosto) só se refere às negociações com o grupo 5+1", indicou Mottaki, em referência aos grupo dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Reino Unido, Estados Unidos, China, Rússia e França) mais a Alemanha.

Em outubro passado, as potências e o Irã chegaram a uma proposta de acordo que previa a troca de urânio iraniano enriquecido a 3,5% por combustível nuclear enriquecido a 20%. O texto impunha ainda o fim do enriquecimento de urânio em solo iraniano.

O Irã rejeitou a proposta e manteve o enriquecimento, o que levou a novas sanções contra seu controverso programa nuclear.

O país propôs então no dia 17 de maio às grandes potências, após o acordo assinado com Brasil e Turquia, trocar em território turco 1.200 kg de seu urânio levemente enriquecido (3,5%) por 120 kg de combustível enriquecido a 20% destinado ao reator de pesquisas médicas de Teerã. Mas à margem de sua proposta de troca, o Irã garantiu que pretendia prosseguir com o enriquecimento de urânio a 20%.

Nesta segunda-feira, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que as negociações só poderão ser retomadas em agosto com o objetivo de dar uma lição aos ocidentais como se deve falar com as outras nações. Ele manteve o tom provocativo, dizendo que qualquer punição resultará em retaliação.

"As negociações sobre a troca de combustível só se referem a essa troca, enquanto que as negociações com o 5+1 se referem a pontos comuns", afirmou Mottaki. "São coisas diferentes", insistiu.

Mottaki afirmou ainda que está preparando um encontro com seus colegas turco e brasileiro para abordar a oferta de troca de combustível nuclear com as grandes potências.

Na segunda, Ahmadinejad afirmou que as discussões entre o Irã e as grandes potências do grupo de Viena (Estados Unidos, Rússia e França sob patrocínio da Agência Internacional de Energia Atômica) sobre uma eventual troca de combustível nuclear deverá compreender o Brasil e a Turquia.

"Nós estamos prontos para negociar uma troca de combustível com base na declaração de Teerã. Mas se de um lado estão Rússia, França e Estados Unidos, o Irã irá junto da Turquia e do Brasil".

O urânio enriquecido pode ser utilizado tanto para produção de energia nuclear (a 20%, como o Irã diz enriquecer) quanto para a fabricação de bombas (a 90%, algo que analistas duvidam que o Irã tenha tecnologia para fazer).

Os EUA e seus aliados acusam o Irã de esconder um programa de fabricação de armas nucleares em seu programa. Irã nega e diz ter apenas fins pacíficos. O Brasil, que buscou nos últimos meses um protagonismo nas negociações, defende que Teerã tem direito de manter um programa nuclear pacífico.

COM FRANCE PRESSE, EM TEERÃ (IRÃ)

 

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