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02/08/2009 - 02h30

Reforma sanitária, Gripe, Ditadura, Saúde mental, Sarney, Mototáxi

da Folha Online

Reforma sanitária

"Gostaria de parabenizar os doutores Mário Scheffer e Sônia Fleury pelo excelente artigo 'A verdadeira reforma sanitária' ('Tendências/Debates', 24/7). Universalizar o atendimento por meio de reforço das instituições públicas é papel do Estado. Cabe ao setor privado a complementaridade, não sendo sua vocação administrar recursos públicos. Os modelos de gestão de saúde da França, da Inglaterra e dos países escandinavos são bons exemplos de que a prestação fundamentalmente pública de serviços de saúde é viável e contribui para os excelentes índices sanitários desses países. Até nos Estados Unidos, onde a medicina é essencialmente praticada na esfera privada, busca-se aumentar o peso direto do Estado na gerência dos investimentos com saúde. O SUS encontra-se enfermo desde o seu nascimento, mas não é sua internação em hospitais particulares que o tornará saudável. Se priorizasse o bem dos seus cidadãos, o Estado investiria mais em instituições públicas, evitando pulverizar o dinheiro dos impostos em gastos terceirizados."

DAVI DE LACERDA, dermatologista (São Paulo, SP)

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"Conheci pessoas que participaram do movimento da reforma sanitária, que pensaram o modelo de saúde para o Brasil. Conheci pessoas que participaram das plenárias nacionais de saúde, na qual me incluo, representando o Conselho Federal de Farmácia, como secretária-geral e como presidente (1989/1990), que discutiram as propostas oriundas da Comissão Nacional da Reforma Sanitária, e que ajudaram a construir a proposta do SUS junto a alguns constituintes.
O grande problema é que o SUS foi pensado pela esquerda, tendo sido implantado e gerido, até sete anos atrás, pela direita. Não precisamos mais de pensadores da 'direita', no sentido de redefinir os princípios pensados pela esquerda, que sempre lutou pelo SUS. Precisamos sim de governos mais comprometidos com a saúde pública e menos comprometidos com os interesses de privatização da saúde, como a indústria farmacêutica e a federação dos hospitais. Pelo que entendi, os Planos de Saúde dariam uma 'esmola' ao Estado para tirar estes pacientes pobres da ' minha fila'. O Estado daria à industria farmacêutica o 'eterno reconhecimento de patentes'. Precisamos sim é de coragem para não mais colocarmos no poder pessoas que só pensam no seu umbigo, no dos amigos e dos financiadores de campanha. Retroagir jamais. Nem daqui a 20 anos."

ALBA LYGIA BRINDEIRO DE ARAÚJO, farmacêutica (João Pessoa, PB)

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Gripe

"É lamentável o artigo 'A era das pandemias e a desigualdade' ('Tendências/Debates', 31/7) escrito pelas sras. Sueli Dallari e Deisy Ventura, cheio de conceitos equivocados e fundamentalismo ideológico. As pandemias de gripe 'não vieram para ficar'. A de 1918, a maior epidemia que a humanidade enfrentou, foi embora dois anos depois de ter chegado e o seu vírus virou um ícone e uma preciosidade após ter sido redescoberto recentemente em pessoa morta e conservada sob o gelo. Outro conceito errado é achar que quebra de patente salvará pessoas pelo mundo. Os laboratórios investem na fabricação de vacinas e remédios. É lógico que devem ser recompensados com a patente (que não é eterna, diga-se). Quem faria isso com a velocidade e a distribuição necessárias? Os governos, mais preocupados com a sua política? O influenza muda todo ano e em cada parte do planeta. Quem produzirá tanta variedade de vacinas? A própria OMS coordena o tipo de vacina, mas quem as produz são os laboratórios farmacêuticos. Os laboratórios dos governos são lentos para atender a essa demanda. Os kits de diagnóstico também são produzidos por estes laboratórios. O mundo esperaria que os senhores governantes decidam como e quando fazê-lo e distribuí-lo? Talvez não estivéssemos mais aqui, esperando. O Oseltamivir não é o único medicamento eficaz, como as autoras afirmam. Existe ainda o Zanamivir, com igual eficácia. E esses medicamentos não devem ser dados em todos os casos, só para os grupos de risco e situações de gravidade, pois se o influenza ficar resistente a eles, teremos perdido uma preciosa ferramenta. E tal pode ocorrer justamente com o uso universal, como pretendem as autoras. No final, quando falam de restrição de direitos humanos, é quando podemos ver o alinhamento das articulistas com o mais retrógrado ideário de esquerda, totalmente ultrapassado para os tempos atuais, bem mais dignos e livres, onde as pandemias são enfrentadas com lucidez e conceitos atualizados e não com ideologia e truculência."

HERCULANO KELLES, médico (Belo Horizonte, MG)

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Ditadura

"No mínimo escandalosamente lúcido o artigo 'Carta ao último exilado' , de David Lerer ('Tendências/Debates', 31/7). Pelo menos mostra os conchavos e acertos feitos pelos nossos ilustres políticos, notadamente Lula e Serra. Poucos são ainda os homens que mantém sua opinião diante de tantos descalabros na nossa política. Parabéns."

SILVIA TAKESHITA DE TOLEDO (São Paulo, SP)

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Saúde mental

"A discussão levantada pelo poeta Ferreira Gullar sobre a situação do atendimento aos portadores de transtorno mental suscitou a manifestação de vários leitores com opiniões antagônicas, formando grupos diferenciados: aqueles que afortunadamente estão sendo atendidos e aqueles que desgraçadamente se encontram desamparados (em sua grande maioria usuários do SUS) por não encontrarem vagas nos chamados serviços extra-hospitalares instituídos pela lei 10.216/01. Considere-se também o grupo formado pelos radicais ativistas 'antimanicomiais', que permanecem apegados a um passado que não mais existe, esquecendo que os portadores de transtorno mental (eufemismo introduzido pela lei para substituir a dura menção a doença mental) estão tão sujeitos a surtos agudos tanto como um cardiopata está sujeito a um infarto. Internação não significa confinamento e abandono pela família, e sim recurso para debelar um surto agudo psiquiátrico (questão de dias, no máximo um mês), com o objetivo de proteção contra uma possível automutilação (suicídio) ou agressão a terceiros. A triste realidade é que não há vagas suficientes para atender a demanda de pacientes com agudização de sintomas. Embora tenha sido elaborada com a melhor das intenções, a lei pecou por não ter consultado profissionais especializados e sem que houvesse uma base estrutural sólida de recursos humanos e estruturais suficientes para se tornar exitosa. Em se tratando de casos leves, moderados ou estabilizados, os CAPS dão conta do recado, mas não em casos em que o paciente perde o contato com a realidade e entra em delírio? Esperar que a doença se agrave não será inconstitucional?"

ELMA NÚBIA SUASSUNA DE OLIVEIRA, presidente da Associação de Apoio à Portadores de Distúrbios de Ordem Mental (Curitiba, PR)

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Sarney

"Parece que o assunto Sarney já está esfriando um pouco na mídia. Estou entre os que acham que o presidente do Senado deva se afastar. Porém, sejamos francos. Quantos senadores passariam por um pente fino 'à la Sarney', que investigasse todas as suas indicações, nomeações e intervenções e sairiam ilesos? Dois, três? Sempre me considerei um otimista incorrigível."

JOSUÉ LUIZ HENTZ (São João da Boa Vista, SP)

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Mototáxi

"A regulamentação da atividade de mototáxi acaba de ser sancionada pelo presidente Lula e gera polêmica, dividindo opiniões. Eu particularmente acho que não é possível exigir boa conduta de profissionais que não possuem profissões regulamentadas. Na medida que são reconhecidos, passam a ter obrigações, direitos, deveres e responsabilidades. Neste sentido, podemos esperar melhoria na conduta de quem trabalha, e parâmetros mínimos para quem exerce a profissão, o que é positivo. Regulamentada ou não, a atividade continuará existindo, o que indica que é melhor então que ela seja praticada por profissionais reconhecidos.
Que se trata de um meio de transporte alternativo, perigoso e caro para os cofres públicos, ninguém pode negar. Perigoso pelos motivos que dispensam comentários e que são inerentes a um veículo de duas rodas e sem proteção, caro em virtude do número de acidentes, que irão aumentar, sobrecarregando o SUS: 20 pessoas morrem todos os dias em acidentes de moto no Brasil.
Com efeito, toda esta polêmica revela um problema muito mais grave e que precisa ser encarado pelas autoridades como prioridade: o modelo de transporte coletivo do país está falido, porque sua espinha dorsal está sustentada em duas alternativas apenas: o metrô e o ônibus.
O primeiro é caro, demora para ser construído e não atende à demanda, além de possuir limitações na questão da mobilidade. Já o segundo, que atende à maioria das cidades, sofre de um mal crônico: é ultrapassado, não respeita padrões mínimos de conforto e é também um problema de saúde pública. Isto porque o modelo de carroceria dos ônibus do país desconsidera as diferenças regionais de clima e topografia, tornando o ambiente interno propícios para a transmissão de meningites e doenças respiratórias, sobretudo em dias de chuva. Pasmem, mas o modelo de carroceria que atende Curitiba, que tem temperatura média de 23 graus/ano, é o mesmo que atende Macapá ou Manaus, que possuem temperatura média de 40 graus/ano. Este pequeno detalhe é motivo para que um indivíduo que tenha condições de usar o carro jamais seja incentivado a substituí-lo pelo transporte público, aumentando ainda mais o caos no trânsito das cidades.
Portanto, o crescimento dos mototáxis está relacionado a uma falha no sistema de transporte público, que precisa mudar radicalmente, criando mais linhas de metrô, incentivando o uso de bicicletas e outros meios de transporte, como monohail ou busmetrô, além de ônibus mais confortáveis e salubres, que serão sempre demandados, independente das outras alternativas, pela sua mobilidade e flexibilidade."

JOSÉ APARECIDO RIBEIRO (Belo Horizonte, MG)

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