UFSCar planeja expansão e atrai críticas

A UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) apresentou anteontem um novo plano de expansão do campus que já recebe críticas de estudantes e ambientalistas.

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A proposta é implantar um corredor com cerca de 550 metros, ligando o campus já urbanizado ao extremo norte do terreno, onde devem ser construídos novos prédios.

No entanto, o corredor ocuparia cerca de 15% de uma área de 50 hectares de cerrado que está em litígio depois de uma ação do Ministério Público em 2007.

	Silva Júnior/Folhapress
	A coordenadora do Meio Ambiente da UFSCar, Maria da Graça Melão, mostra projeto da obra

Estudantes temem que a ampliação, mesmo atingindo uma área pequena, afete a biodiversidade do cerrado, uma vez que na área vivem animais com risco de extinção, como os mamíferos lobo-guará e gato-do-mato pequeno e o pássaro suiriri-cinzento -este está na lista dos criticamente em perigo.

A universidade afirma que não há como fazer a expansão sem interferir no cerrado. Segundo a UFSCar, a outra opção de ligação de um campus ao outro seria pelas rodovias do entorno da UFSCar, mas isso não seria seguro para os estudantes, além de ser mais distante.

"Essa área de cerrado é a principal ligação entre duas outras já averbadas como de preservação permanente", disse Mayla Willik Valenti, estudante de doutorado em ecologia na UFSCar.

Segundo a estudante, com a intervenção de um corredor urbano, essas espécies podem perder a mobilidade entre as áreas.

"Sem contar que a iluminação das vias e o barulho que o local vai passar a ter podem interferir na manutenção da biodiversidade."

O corredor seria urbanizado com uma avenida, ciclovia e prédios administrativos, até chegar a uma área que hoje é ocupada por eucaliptos, mas ganhará construções a partir de 2011.

A área dos eucaliptos vai abrigar um prédio do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo). O início da obra está previsto para o primeiro semestre de 2011.

De acordo com a coordenadora de Meio Ambiente da UFSCar, Maria da Graça Gama Melão, devem ser construídas passagens subterrâneas e aéreas (caramanchão) para os animais, além de cercas vivas como faixas de árvores altas, isolando o cerrado da parte urbanizada.

"Assim pretendemos preservar a área e, ao mesmo tempo, contribuir para a ampliação do campus. A universidade sempre foi muito preocupada com o meio ambiente e essa proposta de extensão foi muito estudada em todos os sentidos."

O assunto deve ser discutido pelo conselho universitário já na primeira reunião em março de 2011.

"Pode ser que o conselho não aprove o projeto completo ou que sugira alterações. Vamos analisar todos os lados e esperamos chegar a um consenso pelo bem de toda a universidade", disse a coordenadora.