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Após prova considerada homofóbica, centro acadêmico estuda adotar nome de aluna
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FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO
Na Faculdade Adelmar Rosado, em Teresina (PI), alunos do CA (centro acadêmico) de serviço social planejam batizá-lo com o nome da estudante Narailka Yasmin Soares e Silva.
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A jovem homossexual, de 20 anos, disse que passou mal após ter feito uma prova com artigo considerado homofóbico por colegas, conforme relatou a Folha nesta semana.
Outra opção de nome para o CA é 6 de dezembro --data na qual a prova foi aplicada--, segundo o presidente do centro, Sérgio Henrique Abreu.
Trecho do artigo, contrário à união civil homoafetiva, diz que homossexuais não podem expressar o amor, pois a relação sexual é feita "no mais puro estilo animal".
Narailka saiu da sala e foi acompanhada de outros cerca de 30 estudantes da turma. O professor de metodologia de trabalho científico foi demitido, segundo anunciou a faculdade.
"Eu não pensei que aquela minha atitude fosse ter esse respaldo todo, fosse chegar onde chegou", disse ela à reportagem. "Foi tudo involuntário, eu realmente passei mal."
O CA quer levar o assunto à próxima sessão da Câmara de Teresina. A vereadora Maria do Rosário de Bezerra (PT) disse que fará um pronunciamento.
Em carta enviada à faculdade, a Liga Brasileira de Lésbicas no Piauí definiu o texto como "marcadamente homofóbico" e elogiou a decisão de demitir o professor.
Marinalva Santana, articuladora do grupo no Estado, disse que o objetivo agora é suscitar entre os alunos o debate sobre o respeito à diversidade sexual, inclusive com a realização de um "grande seminário" em 2011.
OUTRO LADO
O professor Raimundo Leôncio Fortes, que assumiu a autoria do texto, justificou que o artigo não estimula a discriminação.
Na quarta-feira, ele encaminhou à reportagem uma carta aberta aos estudantes, em que diz não ter tido a intenção de "contrariar o pensamento e ferir os sentimentos das pessoas".
Para ele, o uso do texto teve "caráter pedagógico, uma vez que o mesmo apresenta uma estrutura lógica compatível com aquilo que se estava pedindo na prova".
"Porém, não posso concordar com a ideia de que assumir uma posição contrária à legalização da união civil entre homossexuais signifique manifestar discriminação a este grupo. Afinal de contas, estamos numa democracia, e nela todos têm direito de expressar seu pensamento [...]"
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