Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/12/2010 - 22h40

Após prova considerada homofóbica, centro acadêmico estuda adotar nome de aluna

Publicidade

FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO

Na Faculdade Adelmar Rosado, em Teresina (PI), alunos do CA (centro acadêmico) de serviço social planejam batizá-lo com o nome da estudante Narailka Yasmin Soares e Silva.

Eleição para centro acadêmico cria onda antigay
Suspeito de nova agressão na região da Paulista ainda não foi identificado
Decreto cria conselho contra a discriminação voltado ao segmento LGBT

A jovem homossexual, de 20 anos, disse que passou mal após ter feito uma prova com artigo considerado homofóbico por colegas, conforme relatou a Folha nesta semana.

Outra opção de nome para o CA é 6 de dezembro --data na qual a prova foi aplicada--, segundo o presidente do centro, Sérgio Henrique Abreu.

Trecho do artigo, contrário à união civil homoafetiva, diz que homossexuais não podem expressar o amor, pois a relação sexual é feita "no mais puro estilo animal".

Narailka saiu da sala e foi acompanhada de outros cerca de 30 estudantes da turma. O professor de metodologia de trabalho científico foi demitido, segundo anunciou a faculdade.

"Eu não pensei que aquela minha atitude fosse ter esse respaldo todo, fosse chegar onde chegou", disse ela à reportagem. "Foi tudo involuntário, eu realmente passei mal."

O CA quer levar o assunto à próxima sessão da Câmara de Teresina. A vereadora Maria do Rosário de Bezerra (PT) disse que fará um pronunciamento.

Em carta enviada à faculdade, a Liga Brasileira de Lésbicas no Piauí definiu o texto como "marcadamente homofóbico" e elogiou a decisão de demitir o professor.

Marinalva Santana, articuladora do grupo no Estado, disse que o objetivo agora é suscitar entre os alunos o debate sobre o respeito à diversidade sexual, inclusive com a realização de um "grande seminário" em 2011.

OUTRO LADO

O professor Raimundo Leôncio Fortes, que assumiu a autoria do texto, justificou que o artigo não estimula a discriminação.

Na quarta-feira, ele encaminhou à reportagem uma carta aberta aos estudantes, em que diz não ter tido a intenção de "contrariar o pensamento e ferir os sentimentos das pessoas".

Para ele, o uso do texto teve "caráter pedagógico, uma vez que o mesmo apresenta uma estrutura lógica compatível com aquilo que se estava pedindo na prova".

"Porém, não posso concordar com a ideia de que assumir uma posição contrária à legalização da união civil entre homossexuais signifique manifestar discriminação a este grupo. Afinal de contas, estamos numa democracia, e nela todos têm direito de expressar seu pensamento [...]"

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página