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23/05/2011 - 03h00

Adaptação cultural é o maior desafio para estudantes brasileiros na China

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FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Estudar na China é gratificante, mas um programa de bolsa de estudos deveria cobrir o crescente custo de vida no país e incluir algum tipo de apoio para enfrentar o inevitável choque cultural, segundo brasileiras que recebem suporte de bolsas chinesas.

Há quatro anos em Pequim, a mineira Paula Chiari, 31, está terminando o curso de MBA em gestão na Capital University of Economics and Business. Para fazer o curso, ministrado em mandarim, tem uma bolsa que inclui uma ajuda mensal de 1.700 yuans (R$ 422), valor baixo para morar na capital chinesa.

Com a China há dois anos como principal parceiro comercial do Brasil, Chiari aposta que a sua especialização lhe assegurará oportunidades profissionais, mas alerta para as enormes dificuldades de adaptação, problema conhecido como "pequinaço".

"Existem casos de alunos que surtaram e tiveram de ser enviados para o Brasil, por não dar conta da pressão de morar aqui", afirma Chiari.

Ela conta que um estudante brasileiro em Pequim passou a achar que estava sendo perseguido e se escondeu embaixo da cama de uma casa no interior do país _precisou ser resgatado por um diplomata. Outra brasileira chegou a simular um parto no aeroporto. Ambos deixaram a China sem terminar os estudos.

A doutoranda em tradução da Universidade Tsinghua, também de Pequim, Gina Chang, 27, tem opinião semelhante. Com bastante experiência no país, antes estudou inglês na Universidade Fudan, em Xangai, sempre com bolsas chinesas.

"As condições dadas pelo governo chinês para estudantes internacionais em Xangai são excepcionalmente boas, mas, com o aumento do custo de vida, talvez a bolsa deveria aumentar também", afirma Chang, que deixou o Brasil pequena e não fala português, apesar de ser cidadã.

Como Chiari, ela enfatizou que um eventual programa de bolsas para a China a brasileiros deve se preocupar com o choque cultural. "Talvez oferecer cursos preparatórios sobre a China antes da viagem."

"Quando vim pela primeira vez para a China depois de me formar no ensino médio em Xangai, em 2003, mal podia falar mandarim, e todo o estilo de vida chinês era muito novo para mim", lembra. "A maioria dos estudantes internacionais como eu sabem muito pouco do sistema escolar chinês e o que se pode esperar dele."

São relativamente poucos os brasileiros que se arriscam a estudar na China. No ano passado, foram 797, segundo o Ministério da Educação chinês, ou apenas 0,3% dos 265.090 alunos estrangeiros que vieram ao país no período. Excluindo a China, o Brasil abocanha 3,4% da população mundial.

Curso online

Distante das línguas ocidentais, o mandarim é ainda mais difícil à distância, afirma a professora Wang, que ensina estrangeiros há dez anos em Pequim.

Wang, do Centro Linguístico e Cultural para Missões Diplomáticas, disse que já teve alunos que haviam estudado antes via online. "Não é um método muito ativo, e os alunos aprendem apenas coisas básicas", afirma.

Falando em tese, a professora de português na Universidade de Pequim Társila Borges, fluente em mandarim, diz que um grande obstáculo para o método é a compreensão auditiva.

"A língua chinesa é tonal, ao passo que o português é mais gramatical, e sem a exposição constante a situações, o aluno pode seguir falando sem perceber que não pronuncia os tons de maneira adequada. A mim me parece muito importante ter um professor que nos corrija a pronúncia porque uma pequena diferença pode implicar na não compreensão do interlocutor".

 

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