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03/07/2012 - 17h59

Tempestade de verão prejudica serviços de computação em nuvem

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QUENTIN HARDY
DO "NEW YORK TIMES

A vanguarda da web acaba de sofrer um tropeço.

Na noite de sexta-feira, uma tempestade de relâmpagos no Estado da Virgínia derrubou parte do Amazon Web Services, o serviço de computação em nuvem da Amazon, que fornece recursos de armazenagem e computação a centenas de companhias. Sites conhecidos como Netflix, Pinterest e Instagram ficaram fora do ar por horas. Os consumidores tinham pouca informação sobre o que estava acontecendo, e não sabiam se seus dados armazenados estavam seguros.

Kevin Lamarque/Reuters
Homens tentam consertar cabos de energia em vizinhança de Virginia, EUA, após tempestade
Homens tentam consertar cabos de energia em vizinhança de Virginia, EUA, após tempestade

A interrupção destacou a crescente exposição de empresas e consumidores a riscos imprevistos e paralisações muito prejudiciais, à medida que aderem à nuvem. Também representou um sério revés para a porção que mais cresce no mercado de mídia, empresas iniciantes de redes sociais que conquistam milhões de usuários aparentemente do dia para a noite.

Além de computadores, tablets e celulares inteligentes conectados à Internet, dos quais as pessoas dependem todos os dias, consumidores e empresas agora se conectam à Internet por meio de inúmeros outros aparelhos, de automóveis e eletrodomésticos a monitores de serviços de infraestrutura e câmeras de vigilância. A qualidade dos serviços em nuvem e sua capacidade de resistir a perturbações imprevistas terão efeito cada vez mais sobre a economia mais ampla.

A Amazon construiu um negócio altamente lucrativo de computação em nuvem, com uma lista de clientes como a Intercontinental Hotels, Fox Entertainment, Unilever e Spotify, além, de 187 agências governamentais e centenas de pequenas empresas iniciantes em busca dos serviços de computação mais baratos.

Nenhum desses grandes clientes registrou perturbações de serviços. Embora não se saiba se estavam usado a central de processamento da Amazon que foi paralisada pela tempestade, analistas dizem que a paralisação causou preocupação renovada quanto a depender dos serviços de computação em nuvem.

"As empresas avaliam a questão em termos de confiabilidade, geralmente", disse Mike Chui, pesquisador sênior da McKinsey & Company. Os grandes clientes da Amazon, disse, "têm a oportunidade de dar forma ao mercado e impor demandas que melhoram os produtos. Eles pressionarão por melhoras".

Também contarão com outra opção de fornecedor. Na quinta-feira, o Google anunciou que ofereceria serviços de computação via Internet por metade do preço da Amazon.

A paralisação do final de semana aconteceu depois que uma tempestade de raios resultou em queda de energia na central de processamento da Amazon Web Services no norte da Virgínia, que abriga milhares de servidores. Por motivos que a Amazon não havia conseguido determinar até o domingo, o gerador de reserva da central também falhou.

A Amazon anunciou em comunicado ao meio-dia do sábado que havia restaurado seus serviços "para a maioria dos clientes prejudicados, e continuamos trabalhando para restaurar os serviços dos demais clientes", acrescentando que "revelaremos mais detalhes sobre o acontecido nos próximos dias". A companhia não acrescentou novas informações.

Essa foi a segunda falha importante dos equipamentos da Amazon na mesma região. Em abril de 2011, um problema na rede da Amazon em uma central de processamento próxima derrubou diversos aplicativos e sites muito procurados, como o Reddit e o Quora, por quase um dia.

É fato que a Amazon Web Services mostrou mais resistência que a maioria das empresas de infraestrutura atingidas pela tempestade, que deixou mais de quatro milhões de domicílios e empresas sem energia na costa leste dos Estados Unidos. No domingo, alguns usuários do Instagram na região de Washington já podiam trocar fotos via celular antes que a eletricidade e água potável de suas casas voltassem a funcionar.

A Netflix, como a Pinterest e Instagram, não respondeu a pedidos de comentários no domingo. A Netflix conseguiu restaurar seus serviços em cerca de duas horas. Muitos outros clientes da Amazon, entre os quais as pequenas empresas iniciantes que respondem pela maior parte de seus usuários, não reportaram problemas, mas talvez tenham corrido para garantir a segurança de seus sistemas.

"Estávamos no escritório de noite, jogando um videogame que caiu; foi quando recebemos uma notificação de que nossos sistemas estavam começando a travar", disse Benjamin Coe, fundador da Attachments.me, uma empresa iniciante de San Francisco que conecta anexos de e-mail a centrais de armazenagem online. "Tínhamos capacidade sobressalente em nosso sistema, já desde o começo do projeto, mas enfrentamos falhas em duas áreas, o que dificultou que a terceira continuasse funcionando".

Coe disse que ficou acordado até as quatro da manhã para resolver o problema. É esse o preço, ele disse, de trabalhar a baixo preço com um serviço que permite que sua companhia de seis funcionários atenda a milhões de usuários, que ele disse serão compreensivos quanto a paralisações breves.

"Para um produto de consumo fornecido gratuitamente, existe a compreensão genérica de que haverá falhas ocasionais", disse. "Se estivéssemos operando um avião ou algo assim, isso seria inadmissível".
A capacidade de enfrentar falhas é há muito parte dos recursos de qualquer sistema de computação, mas como no caso de muitos outros aspectos da computação em nuvem não existe um padrão de referência para determinar as necessidades de proteção contra desastres. Muitas empresas iniciantes parecem optar por não bancar os serviços duplicados que a Amazon oferece a custo adicional, e incluem troca de dados entre as centrais da Amazon na costa leste e costa oeste dos Estados Unidos.

Empresas maiores também estão optando pela nuvem, mas agora podem passar a considerar a Amazon Web Services como fornecedora complementar, e não primária.
"Cerca de 15% de nossos clientes mantêm dados conosco em nuvem, mas em três anos essa proporção pode chegar a 75%", disse Carl Bass, presidente-executivo da Autodesk, importante produtora de software de projeto. A maior parte dos dados estão armazenados em servidores da Amazon, por enquanto, ele disse, mas a empresa está estudando a possibilidade de gerenciar um serviço em nuvem próprio, para permitir que os clientes usem recursos baratos de computação em nuvem para gerar grande número de simulações de projeto.

"O custo inicial deve chegar aos US$ 10 milhões, e provavelmente continuaremos a usar a Amazon Web Services para os trabalhos pesados", disse. "Precisaremos de ferramentas para computação infinita".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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