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18/03/2013 - 16h36

Membros da 'geração conectada' deixam de comprar carros para alugá-los por hora

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DA REUTERS, EM SÃO PAULO

Engarrafamentos diários e cada vez mais longos, aumento nos preços de combustíveis, edifícios com menos vagas de garagem e aumento dos investimentos em transportes públicos estão criando um cenário favorável para o surgimento de um novo mercado de veículos no Brasil.

Iniciado em 2010 na capital paulista, onde congestionamentos de mais de 100 km são rotina e que atravessa um momento de obras de infraestrutura de mobilidade por ocasião da Copa do Mundo de 2014, o compartilhamento de veículos vem sendo explorado pela jovem empresa Zazcar, que tem meta de crescer sua base de clientes em quase cem vezes nos próximos cinco anos.

O serviço é uma modalidade de aluguel de veículos que tem ganhado popularidade em mercados maduros como Estados Unidos e Europa, onde até montadoras de veículos estão investindo no conceito.

Pesquisa da KPMG com executivos das principais indústrias automotivas do mundo, divulgada neste ano, afirma que 72% deles acreditam no conceito de mobilidade do serviço como alternativa à propriedade de carros em áreas urbanas.

SERVIÇO EM VEZ DE PROPRIEDADE

O cliente pode reservar pela Internet um carro para usar por algumas horas, sem precisar se preocupar com custo de combustível, impostos e outros gastos referentes à propriedade do veículo, como IPVA, DPVAT, licenciamento e seguro.

Um dos exemplos de utilização é chegar ao trabalho via transporte público e alugar um veículo para eventuais reuniões fora do escritório. Ao final do compromisso, o cliente devolve o carro no ponto em que o retirou.

"A era da informação criou uma geração mais aberta ao conceito de acessar o bem, em vez de ter o bem. As pessoas estão percebendo a mobilidade como serviço", afirmou o presidente da Zazcar, Felipe Barroso, em entrevista à Reuters. Segundo ele, 25% dos 2.300 atuais usuários do serviço na empresa venderam seus carros ou deixaram de comprar novos veículos.

INSPIRAÇÃO GRINGA

A Zazcar surgiu inspirada na Zipcar, criada nos Estados Unidos há cerca de 12 anos e que hoje tem mais de 760 mil clientes em 37 Estados no país. A companhia norte-americana recebeu em 2 de janeiro oferta de aquisição de US$ 500 milhões pela gigante do aluguel de veículos Avis.

Ainda sem concorrentes em seu nicho, a Zazcar, oriunda da paranaense Ícaro Locadora e do grupo de engenharia AGF, está negociando injeção de capital que deve ser concluída no segundo trimestre junto a investidores nacionais e internacionais, disse Barroso, evitando dar números ou detalhes sobre as conversas.

Segundo o executivo, a Zazcar tem elevado seu faturamento em 180% ao ano desde o início de suas operações e deve atingir lucro nos próximos dois anos. A intenção é vender aos investidores participação de 15% na empresa na rodada de financiamento do segundo trimestre.

Por enquanto, a frota da Zazcar tem 60 carros distribuídos por 45 pontos da capital paulista. Barroso afirma que o mercado da cidade tem capacidade para 2.500 carros "compartilhados". Perguntado se a companhia não teme a entrada das grandes redes de locação de veículos do país no segmento, como a Localiza, o executivo afirmou que "a entrada delas seria bem vinda até para expandir o conceito entre a população".

A empresa planeja para o segundo semestre expansão para o Rio de Janeiro e está avaliando também as cidades de Curitiba e Belo Horizonte.

A expectativa de Barroso é que a Zazcar amplie seu alcance para 11 cidades do país nos próximos cinco anos, prazo no qual espera ter um total de 210 mil clientes e frota de 2.800 carros.

A expansão do transporte público é um dos itens para a evolução da empresa uma vez que os serviços se complementam, disse Barroso. Mas isso depende em parte de mudanças na legislação, que impede a parada dos carros nas ruas pelos operadores do serviço, tornando mais difícil disponibilizar os veículos em locais mais convenientes, afirmou.

Apesar disso, a pesquisa da KPMG sugere crescimento no interesse pelo conceito de mobilidade como serviço, que pode ser referido pela sigla MaaS ("mobility as a service").

"Mais, mais e mais pessoas vão escolher não ter carro, preferindo acessar veículos e outras formas de transporte", afirma o estudo, que aponta que o mercado de MaaS pode alcançar 20 milhões de pessoas no Brasil, 32 milhões nos Estados Unidos, 18 milhões na Europa ocidental e 105 milhões na China.

Parte do interesse é a diferença de custo. Segundo a Zazcar, o valor de uma hora de táxi em São Paulo é de R$ 73,20 enquanto quem utiliza os serviços da empresa gasta R$ 27,90.

 

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