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Criador de censura na China diz que usa truques para burlá-la
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DA EFE, EM PEQUIM
O professor de tecnologia chinês Fang Binxing, conhecido por ter sido o principal desenvolvedor do sistema de controle e censura na internet chinesa, reconheceu nesta sexta-feira (18) que de vez em quando utiliza truques para burlar sua própria invenção.
Em entrevista concedida ao jornal oficial "Global Times", Fang, reitor da Universidade dos Correios e Telecomunicações de Pequim, revelou que utiliza seis redes virtuais privadas (VPN) que permitem ao internauta navegar como se estivesse em um outro país e, portanto, acessar páginas censuradas na China como Facebook, YouTube, Twitter e WikiLeaks.
Fang contou que usa estes serviços - cada vez mais populares entre os internautas chineses, e de uso comum, por exemplo, entre a comunidade estrangeira no país --"para ver quem ganha, o VPN ou o GFW".
Com a última sigla, o especialista aludia ao 'Great Firewall of China', o sistema de controle de informação que ele próprio desenvolveu em 1998 e que começou a ser aplicado na rede do país asiático em 2003.
Fang, de 50 anos, esclareceu que não utiliza o VPN para acessar sites críticos ao governo chinês, também bloqueados por sua invenção (desde a página oficial do Governo tibetano no exílio às de apoio à independência de Taiwan, assim como os sites de muitas organizações de direitos humanos).
O professor defende o sistema que criou afirmando que este é 'um fenômeno comum no mundo todo' e que cerca de 180 países, 'incluindo Coreia do Sul e Estados Unidos", têm sistemas de controle de conteúdos na internet.
O reitor decidiu conceder uma entrevista à imprensa chinesa para tentar recuperar um pouco do orgulho ferido há alguns meses, quando abriu um microblog e teve que fechá-lo em poucos dias por ter recebido milhares de insultos e críticas dos internautas de seu país.
Fang avaliou na entrevista que esses insultos são decorrentes do fato de que os internautas "não podem conseguir tudo o que querem e precisam culpar alguém emocionalmente".
A China é o país com mais internautas do mundo, aproximadamente 420 milhões, mas sofre grandes limitações de acesso a conteúdos, entre eles os de sites populares no mundo todo como Twitter, Facebook e YouTube.
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