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Rota de passagem para o Himalaia, Katmandu merece visita de ao menos uma semana
PEDRO CARRILHO
ENVIADO ESPECIAL AO NEPAL
Além de sempre ter sido o centro de poder na região, Katmandu, a capital nepalesa, também exerceu ao longo de sua história importante papel de paragem nas rotas de mercadores, peregrinos e viajantes em geral. E, de certa forma, podemos dizer que Katmandu segue até hoje como local de passagem.
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Agora, no entanto, são as dezenas de milhares de aventureiros que miram os famosos picos e trilhas do Himalaia nepalês e lotam as pousadinhas e aconchegantes restaurantes do bairro de Thamel. É fácil passar uma semana explorando Katmandu e seus arredores sem ficar entediado.
A primeira imagem da capital nepalesa, porém, não é das melhores. O aeroporto internacional Tribhuvan é o principal ponto de entrada no Nepal, e dependendo do horário de chegada dos vôos, o processo de obtenção do visto e passagem pela imigração pode ser demorado. O terminal é apertado e velho, com uma cara de anos 70.
Do lado de fora, claro, a usual turba de taxistas quase sai no tapa por seus potenciais clientes. Se quiser evitar problemas, não se esqueça de requisitar com antecedência o traslado para seu hotel ou pousada, serviço quase sempre gratuito.
Vista de cima, Katmandu deixa logo clara a precariedade de suas construções e a ausência de qualquer planejamento urbano. Como capital de um dos países mais pobres do mundo fora do continente africano, Katmandu sofre com uma infinidade de problemas crônicos, a começar pela densa poluição e inchaço urbano.
Mais de perto, sentem-se os efeitos mais claros de sua infra-estrutura mínima e sobrecarregada, principalmente em seus longos cortes diários de energia e seu trânsito infernal - é a expressão do caos em ruas esburacadas e poeirentas, tomadas por montanhas de lixo que servem de alimento para debilitados cães de rua e vacas sagradas.
Para quem chega ao Nepal desde a vizinha Índia, não há nada de muito novo aqui - no final das contas o Nepal até acaba se tornando um destino mais tranqüilo que o vizinho. Mas se essa for a primeira vez no sul da Ásia e, principalmente, se o turista estiver atrás de uma espécie de Shangri-lá encravada no coração do Himalaia, não tem jeito, o choque é inevitável.
Pedro Carrilho/Folhapress | ||
Monge budista fala ao celular no templo Swayambhunath, em Katmandu, cidade é ponto de partida para o Himalaia |
No coração desse confuso emaranhado fica Thamel, uma espécie de enclave de confortos e serviços turísticos para os viajantes em passagem pela cidade. Aqui, lado a lado, centenas de agências de viagem e aventuras, lojas de equipamento de trekking e escalada, bares, restaurantes e pousadas competem por cada cliente. Thamel é ao mesmo tempo caótico e reconfortante.
Em meio a muita bugiganga é possível fazer ótimos negócios aqui. Equipamentos de caminhada e escalada, por exemplo, têm ótimos preços se comparados ao Brasil. Mas é bom ficar atento à qualidade: há desde lojas vendendo produtos originais de marcas como North Face a cópias de qualidade variada, algumas excelentes.
Com o caminho aberto pelas expedições na era das conquistas do Himalaia nepalês, nos anos 1950, aos poucos foram chegando a Katmandu os primeiros viajantes estrangeiros.
A cidade logo se tornou popular destino final de viajantes, quase sempre hippies, depois da longa viagem terrestre desde a Europa (a chamada "trilha hippie", que cruzava Iraque, Irã, Afeganistão, Paquistão e Índia). No começo os viajantes adotaram como lar uma pequena rua nos arredores da Praça Durbar.
A rua mais tarde passou a ser conhecida como Freak Street, e até hoje os hippies, alguns autênticos, outros nem tanto, rumam para suas simples pousadinhas para fugir do comércio exacerbado de Thamel e chapar no abundante haxixe. Aos poucos, no entanto, passaram a migrar para Thamel, que acabou transformando-se no atual shopping center a céu aberto.
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