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15/04/2012 - 07h40

Monumentos da Itália pedem socorro

DA FRANCE PRESSE

Fragmentos que se soltaram do Coliseu de Roma e desabamentos em Pompeia, além de cortes no orçamento da cultura e um cinema em crise: a Itália, aniquilada pelos custos de manutenção de seu enorme patrimônio, vem sendo obrigada a pedir ajuda ao setor privado e ainda à União Europeia.

Quarto destino turístico mundial depois da França, dos Estados Unidos e da Espanha, a Itália sempre teve orgulho de seu patrimônio cultural, enriquecido por séculos de história - da era romana ao barroco, passando pelo Renascimento.

Mas, hoje, a península, estrangulada pelo peso de sua dívida colossal e pelos planos de austeridade em sequência, não tem conseguido manter seu enorme tesouro.

Em Roma, em meados de janeiro, partes se desprenderam pela enésima vez do Coliseu, monumento que simboliza a capital, apesar de cercado pelo trânsito e enegrecido pela poluição. E, assim, o maior anfiteatro romano recebe, cada vez pior, seus seis milhões de visitantes.

Por falta de dinheiro, o governo fez um apelo ao setor privado para patrocinar a restauração do monumento, e foi atendido pelo rei italiano dos sapatos, o proprietário do grupo Tod's, Diego Della Valle, que prometeu investir 25 milhões de euros.

Mas no dia 12 de janeiro passado, Della Valle ameaçou retirar-se do projeto, após a abertura de uma investigação sobre possíveis irregularidades. A polêmica ainda está longe do fim, enquanto a restauração, propalada há três anos, deveria ter começado em março.

Além do Coliseu, "todo o patrimônio italiano precisa de atenção", advertiu a Associação Nacional de Arqueólogos Italianos, pedindo "recursos adequados".

Gregorio Borgia -9.may.10/Associated Press
Turistas em frente ao Coliseu de Roma, cuja reforma estava prevista para março
Turistas em frente ao Coliseu de Roma, cuja reforma estava prevista para março

Desabamentos em Pompeia
É o caso de Nápoles, onde o célebre sítio arqueológico de Pompeia, classificado como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco desde 1997, foi palco, em dois anos, de uma série de desmoronamentos, com o último deles destruindo a casa de Loreius Tiburtinus, uma das mais belas da cidade.

Aguardando uma solução, Roma obteve uma ajuda de 105 milhões de euros da União Europeia, como parte de um plano de manutenção e restauração, programado para durar pelo menos quatro anos.

A situação pode piorar, uma vez que o Estado italiano dedica apenas 0,21% de seu orçamento à cultura, contra, por exemplo, 1% na França, ao mesmo tempo em que a península assegura possuir a metade do patrimônio cultural mundial.

O orçamento anual de 1,8 bilhão de euros não serve senão para preencher brechas, deixando para as artes a parte mais pobre.

Em 2011, o teatro Scala e o Piccolo Teatro de Milão, duas instituições prestigiosas de nível internacional, se viram, assim, com 17 milhões de euros a menos.

O administrador francês do Scala, Stéphane Lissner, fez um apelo ao governo de Mario Monti para "não sacrificar" a cultura devido ao pacote de austeridade, destacando que o percentual consagrado à cultura pelo governo italiano é um dos "mais baixos da Europa".

O quadro pintado não é muito tranquilizante: "há alguma coisa que não funciona, não se sabe mais como fazer dinheiro com nossa cultura nacional", constatava amargamente o escritor Umberto Eco numa carta ao governo publicada no ano passado.

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