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07/12/2012 - 07h14

Com centro cultural, Niemeyer fez cidade espanhola ganhar fama mundial

DA EFE

Em 1989, quando Oscar Niemeyer ganhou o prêmio Príncipe de Astúrias das Artes, ninguém suspeitava até que ponto seria criado um vínculo entre a Espanha e o arquiteto brasileiro, cuja obra perto da foz do rio Avilés - um centro cultural que leva seu nome - qualificou como "a melhor e mais querida" que fez fora de seu país.

Apesar de sua longevidade e do fato de que sua marca está presente nos cinco continentes, Niemeyer, que faleceu na última quarta-feira no Rio de Janeiro aos 104 anos, passou apenas um dia em solo espanhol.

Mas desde a colocação da pedra fundamental, o complexo cultural, um de seus últimos trabalhos no século 20, levou a pequena cidade de Avilés a ficar conhecida em todo o mundo.

O chamado "efeito Niemeyer" se traduziu quase imediatamente em um aumento do número de visitantes atraídos pela simples contemplação daquela que é a única obra do famoso arquiteto na Espanha e, segundo ele mesmo reconheceu em várias ocasiões, "a melhor e mais querida" que fez fora do Brasil.

"Quando me encomendam um edifício público, tento fazê-lo lindo, diferente, de forma que gere surpresa, porque sei que os mais pobres não vão aproveitar nada, mas eles podem parar para vê-lo e ter um momento de prazer, de surpresa", disse Niemeyer.

Essas palavras resumem bem a filosofia deste arquiteto de militância comunista, que tomou com entusiasmo o projeto do complexo cultural para dar a uma cidade que tinha sofrido uma grave depressão após o fechamento de siderúrgicas e precisava de um ícone, um motivo para elevar sua autoestima.

Eloy Alonso/Reuteurs
Mulher fotografa o Centro Cultural Niemeyer, na cidade espanhola de Avilés
Mulher fotografa o Centro Cultural Niemeyer, na cidade espanhola de Avilés

E assim aconteceu. O Centro Cultural de Avilés deslumbrou o público desde o dia em que sua maquete foi revelada.

Sua cúpula perfeita, branca, a torre-mirante que se soma a uma foz ainda com um forte componente industrial. Todo o conjunto de edifícios, as formas sinuosas que levam a assinatura de Niemeyer compartilham o "skyline" de Avilés com as chaminés da fábrica de aço que 60 anos atrás transformaria a cidade no que é hoje.

A figura do arquiteto que mais fez por Avilés em toda sua história atrairia a chegada de personalidades com uma força midiática sem precedentes, como Brad Pitt, que passeou tranquilamente pelas ruas do centro velho - uma visita de surpresa que fez com que o nome da cidade desse a volta ao mundo.

Publicações de todo o planeta noticiaram um Brad Pitt apaixonado pela arquitetura e entusiasmado com a obra que Niemeyer desenhou para as Astúrias.

E como Pitt, muitos outros famosos deram o ar da graça. Woody Allen virou um visitante habitual de Avilés, a incluiu em um de seus filmes, organizou a estreia mundial de alguns de seus trabalhos e até ofereceu uma apresentação musical com seu clarinete em frente a milhares de pessoas no Centro Niemeyer.

Mas o centro cultural que seu próprio autor definiu como "uma praça aberta a todo mundo, um lugar para a educação, a cultura e a paz", não esteve isento de polêmicas que provocaram idas e vindas em sua programação.

O Centro Niemeyer chegaria inclusive a fechar suas portas em dezembro de 2011, a poucos dias do 104º aniversário do arquiteto, em meio a um conflito entre seus gerentes e a gestão anterior do governo autônomo das Astúrias.

Hoje o local está aberto, e a atual administração regional trabalha para elaborar uma programação que devolva a ele sua projeção internacional, que estruturará em torno de cinco grandes áreas temáticas: artes plásticas, teatro, cinema, pensamento e gastronomia.

 

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