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Chipre teme que crise afete turismo, um dos pilares de sua economia
DA EFE
A crise bancária em Chipre despertou certos temores sobre o turismo e o efeito que terá sobre este setor que, junto com os serviços financeiros, é um dos pilares sobre os quais se sustenta a economia cipriota.
"Já vendemos apenas passagens de ida", lamentou Demos Kyprianu, diretor da pequena agência de viagens Mardem, localizada em Nicósia, capital do país.
"São para os búlgaros, romenos e poloneses que querem voltar para sua casa. Tinham vindo trabalhar aqui de pintores, pedreiros e marceneiros, mas já viram que isto acabou", acrescentou.
Segundo diversos dados, em 2012 chegaram ao país - que tem 800 mil habitantes - em torno de 2,5 milhões de turistas, o que reportou receitas de cerca de 2 bilhões de euros (11,5% do PIB).
Os lucros do turismo tiveram aumento constante nos últimos anos, com foco em viajantes de maior poder aquisitivo, por meio da construção de vilas, mansões e clubes de luxo cada vez mais imponentes, principalmente em localidades litorâneas como Pafos, Limassol e Ayia Napa.
Cerca de 20% da capacidade hoteleira da ilha é formada por hotéis cinco estrelas e mais da metade dos apartamentos estão catalogados como de luxo ou classe A, de acordo com os dados da Organização de Turismo de Chipre (CTO).
Maria Karadjias/Associated Press | ||
Homem carrega mala em rua de Nicósia, capital de Chipre; país teme que crise afugente turistas |
Os limites estabelecidos à movimentação de capital - que impedem, por exemplo, tirar mais de 1.000 euros do país e mais de 300 euros diários dos caixas dentro de Chipre - podem assustar os potenciais turistas.
Calcula-se que estas restrições estarão vigentes em cerca de um mês, mas na quinta-feira o ministro de Turismo e Comércio, George Lakkotrypis, pediu o esclarecimento da situação para evitar que os visitantes sintam "insegurança" e para poder "fornecer aos turistas tudo o que necessitam quando estiverem de férias em Chipre".
O presidente da CTO, Alekos Oruntiotis, assegurou que por enquanto "não houve um problema sério" com os cancelamentos de viagens.
"Pelos dados que nos oferecem as agências e os hotéis, só houve cerca de 100 cancelamentos", explicou à Efe o presidente da Associação de Agências de Viagem, Victor Mantovani.
"Isso não é o que nos preocupa, o que tememos é que no futuro diminuam as reservas", continuou.
Segundo Mantovani, nas duas semanas em que permaneceu vigente o "corralito", as reservas turísticas do Reino Unido e da Rússia caíram 25%, enquanto as da Alemanha - o país contra o qual a maioria dos cipriotas dirige sua raiva - desabaram mais de 50%.
"Por enquanto os dados não são drásticos, mas espero que não continuemos nas manchetes da imprensa, porque isso sempre prejudica o turismo", comentou Mantovani.
O ministro Lakkotrypis pediu sensatez à população ao dizer que, embora respeite o direito a manifestar-se, é "responsabilidade" de cada cipriota "proteger o turismo".
O maior medo das autoridades e dos empresários é se transformar em uma nova Grécia, onde as imagens de distúrbios causaram graves prejuízos à indústria turística.
"Cruzamos os dedos, porque o turismo é a única coisa que vai restar a Chipre para conseguir receitas, depois que destruírem o setor financeiro", concluiu Mantovani.
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