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03/06/2010 - 08h01

Dia:Beacon é ótima escapada de Nova York

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

O passeio já começa muito bem, e torna-se incrível quando o trem que parte da estação Grand Central, em NY, e segue pelas margens do Hudson, deixa o visitante na estação de Beacon.

A cinco minutos de caminhada está o museu da Dia Art Foundation (www.diabeacon.org), que reúne vasta coleção com obras produzidas, em sua maior parte, nas décadas de 1960 e 1970.

A palavra "dia" vem do grego e quer dizer "através". Foi escolhida para dar nome à instituição (fundada por Heiner Friedrich e Philippa de Menil), que é pioneira na ideia de aproveitar galpões industriais para exposições.

No caso, o "galpão" é uma antiga fábrica da Nabisco, numa elevação próxima ao rio, com cerca de 22,3 mil metros quadrados de iluminada área para exibições.

Ali podem ser vistas mais de duas dezenas de mostras permanentes montadas em espaços generosos com trabalhos de alguns dos mais respeitados nomes da arte contemporânea.

Espécie de templo do minimalismo, a Dia:Beacon, como é conhecida, reúne expoentes dessa vertente que, a partir da década de 1960, produziu um tipo mais "ascético" e rigoroso de arte, em contraste com o expressionismo de anos anteriores.

Reprodução/"Dia:Beacon"
Homem observa "Composition With Circles 2", desenho sobre a parede de Bridget Riley
Homem observa "Composition With Circles 2", desenho sobre a parede de Bridget Riley

Entre os artistas que fazem parte da tendência (embora alguns tenham rejeitado o rótulo) pode-se ver Donald Judd, Dan Flavin, Michael Heizer e Fred Sandback. Mas tem muito mais.

Ali estão a pop art de Andy Warhol, que ocupa sala gigantesca com variações de uma mesma imagem, e o experimentalismo de Joseph Beuys, o artista alemão que criou o movimento Fluxus e marcou a história da arte com performances e instalações antológicas.

Pode-se ver também muitas obras, entre elas uma aranha, da francesa Louise Bourgeois, que morreu nesta semana, e de Bruce Nauman, conhecido pelos trabalhos em neon, mas também autor de instalações que exploram som, esculturas e vídeos.

Um dos heróis da arte dos anos 60, Nauman foi a estrela do premiado pavilhão dos Estados Unidos na Bienal de Veneza do ano passado.

Para os admiradores da "land art" ou "earthart" (que trabalha com a relação entre arte e território ou paisagem), o cara a ser visto é Robert Smithson.

Mas nada supera (ao menos na opinião deste visitante) as esculturas metálicas de grandes proporções de Richard Serra. Além de uma obra-prima intitulada "União de Torus e Esfera" (2001), que lembra uma espécie de embarcação deformada, a Dia expõe uma sequência de "Duplas Elipses Torcidas", obras nas quais o visitante pode penetrar. Estruturas sensuais, com variações em caracol, foram concebidas após visita do artista, em 1997, à igreja de San Carlo Alle Quattro Fontane, em Roma --do barroco Francesco Borromini. Valem o bilhete.

A Dia:Beacon fica a uma hora e 20 minutos de Nova York, e na ida o melhor é se sentar do lado esquerdo do trem para curtir a paisagem. Tem um café na própria instituição, mas dali se vê o único restaurante do lugar --cuja "pièce de résistance" é uma boa costelinha de porco.

 

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