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07/08/2011 - 07h30

'Versalhes italiana' da família Savoia propõe modelo de museu

KELLY VELÁSQUEZ
DA FRANCE PRESSE, EM ROMA

A suntuosa residência de caça da família real italiana, construída entre os séculos 17 e 19 pela Casa de Savóia, como emblema de poder a poucos quilômetros de Turim, norte do país, afirma-se como exemplo de museu moderno e interativo, graças a suas exposições, jardins minimalistas, hortos biológicos e uma administração rentável.

Pedalar junto ao palácio de Versalhes incrementa experiência

"Hoje em dia, podemos dizer com orgulho que funciona. É um modelo exportável. Conseguimos o equilíbrio económico", comentou Alberto Vanelli, diretor do "La Venaria Reale", o imenso palácio que rivalizou em sua época com Versalhes, em Paris, por suas amplas salas, galerias e festas.

Giuseppe Cacace - 23.jul.2011/France Presse
Vista externa do Venaria Reale, próximo a Turim, na Itália; palácio foi restaurado em 2007
Vista externa do Venaria Reale, próximo a Turim, na Itália; palácio foi restaurado em 2007

O prédio monumental, residência dos Savóia até 1815, de 80 mil metros quadrados, conta com uma capela em estilo barroco e uma estrebaria de 5.000 metros. Chegou a ser abandonado por meio século e destruído durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando abrigou um batalhão do exército italiano.

"Era um lugar horrível", conta o jornalista Maurizio Matteuzzi, que não se esquece das noites frias, com temperaturas abaixo de zero, quando prestava serviço militar no local, nos anos 70.

Declarado em 1997 Patrimônio da Humanidade pela Unesco, foi completamente recuperado e reformado em oito anos, com contribuições da União Europeia (200 milhões de euros) e da região do Piemonte, sendo entregue restaurado em 2007.

MODELO DE EXPORTAÇÃO

"Nosso desafio, agora, é em nível internacional", declara Vanelli, que em 30 anos de experiência como assessor de cultura do Piemonte e militante político de esquerda, impulsiona um "novo código" a difundir para a administração de bens culturais, com a entrada de capital privado.

"A chave é a transparência, combinada com capacidade empresarial", sustenta Vanelli, que conseguiu fazer do La Venaria o quinto monumento mais frequentado da Itália, com 900 mil visitantes anuais, em média, e um incomum equilíbrio econômico.

Giuseppe Cacace - 23.jul.2011/France Presse
Visitantes fotografam Grande Galeria, no inteior do palácio Venaria Reale, em região próxima a Turim, na Itália
Visitantes fotografam Grande Galeria, no inteior do palácio Venaria Reale, em região próxima a Turim, na Itália

"Manter La Venaria custa 14 milhões de euros: a metade provém de recursos privados, a outra metade é produzida por nós: sete milhões de euros, provenientes da venda de entradas e serviços ao público", resume, ao explicar a efervescência de ideias e propostas.

"Apostamos no contemporâneo. Somos a corte do século 21", afirma Vanelli, que abriu espaços para concertos, apresentação de peças teatrais, exposições, concursos gastronômicos, banquetes, casamentos, desfiles de moda, uma escola de restauração para 200 alunos, além de um horto que, em breve, comercializará frutas e verduras.

Símbolo dessa nova mentalidade menos conservadora é o Jardim das Esculturas Fluidas, idealizado pelo artista plástico italiano Giuseppe Penone.

O jardim faz parte do movimento de "arte povera" --um movimento contestador que floresceu a partir de 1968-- e é um espaço não convencional, localizado numa zona de 5 hectares, que utiliza água, mármore, árvores, pedaços de bronze e pedras como esculturas, numa espécie de instalação com vida própria, convidando ao silêncio e à meditação.

"Todos querem vir ver este jardim", conta Maurizio Reggi, arquiteto encarregado da conservação de todos os jardins, inclusive os históricos, "a la italiana", com seus imensos canais, perspectivas, labirintos geométricos de arbustos e atalhos com perfume de plantas como lavanda, rosmarinho e sálvia.

Sede dos festejos solenes pelos 150 anos de unificação da Itália, La Venaria organizou neste ano uma importante exposição com mais de 350 obras-primas de renomados artistas --Donatello, Giotto, Tiziano e Caravaggio--, da antiguidade à criação da Itália, em 1861.

Agora, essa herança do barroco italiano prepara uma grande mostra dedicada ao polivalente Leonardo da Vinci.

 

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