Entre agosto de 2017 e julho de 2018, 6.657 km² do cerrado foram desmatados, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA) nesta terça-feira (11). A superfície equivale aproximadamente quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo e, apesar da dimensão, é o menor registro de desmatamento nesse bioma desde 2001, diz a pasta.
Segundo comunicado divulgado hoje, o desmatamento no cerrado recuou 11% em relação ao ano anterior e é 33% menor do que o registrado em 2010, quando foi iniciado o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado).
A mensuração foi realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e utilizou imagens de satélite para identificar áreas suprimidas maiores do que um hectare. Foi considerado como desmatamento a remoção completa da vegetação nativa.
O Maranhão é o estado que concentra maior desmatamento do cerrado, com 1.472 quilômetros quadrados de matas retiradas. O cerrado se estende por 11 estados, em área de cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados —o equivalente a 23% do território nacional.
Para a ONG WWF-Brasil, o resultado é positivo, mas o levantamento não traz detalhes sobre desmatamento legal e ilegal. A ONG diz que a missão agora é garantir a continuidade do monitoramento.
"Os dados anuais são fundamentais para não só mensurar a taxa de perda de vegetação, mas também para entender a dinâmica do desmatamento e propiciar ações mais assertivas no seu controle. Dar visibilidade e transparência a estes dados permite que outros atores também atuem, como o setor do agronegócio", afirma Mauricio Voivodic, diretor-executivo da ONG.
Segundo a WWF, o problema do desmatamento tem relação com a legislação frágil. O Código Florestal permite desmatar entre 65% e 80% da vegetação nativa do cerrado em área privada, dependendo do estado. Isso fragiliza mais a proteção do bioma.
"Nós temos elementos de sobra para reforçar a importância e a urgência de proteger o cerrado. Mesmo que o Código Florestal deixe o bioma em segundo plano, nem mesmo ele é cumprido, a exemplo do observado no Mato Grosso, onde 98% do desmatamento do cerrado, entre 2016 e 2017, foi ilegal. É preciso coibir os ilícitos e virar esse jogo, o que só será possível por meio de uma combinação de esforços que inclua os Ministérios Públicos Federal e Estaduais, a sociedade civil, a iniciativa privada e os governos", afirma Frederico Machado, especialista em políticas públicas do WWF-Brasil.
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