Mais da metade dos vinhedos do mundo está ameaçada pelo aquecimento global

Se a temperatura do planeta subir 2°C, Espanha e Itália podem perder até 65% das suas plantações

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Paris | AFP

Mais da metade das regiões vinícolas do mundo pode desaparecer com um aquecimento de 2°C, objetivo do Acordo de Paris, e até 85% em caso de um aumento de 4°C, segundo um estudo publicado nesta terça-feira (28). 

Um grupo de pesquisadores desenvolveu um modelo para cruzar os dados de desenvolvimento das 11 variedades de uvas mais comuns do mundo com projeções de mudanças climáticas, de acordo com o estudo publicado na revista americana PNAS. 

 

Concluíram que 56% das regiões vinícolas do mundo poderão se tornar impróprias para o cultivo com aquecimento de 2°C e 85% com um de 4°C, cenário considerado cada vez mais possível para os cientistas, dado que as emissões de gases de efeito estufa continuam a aumentar, quando deveriam ser drasticamente reduzidas para conter as mudanças climáticas. 

Em vez disso, outras regiões se tornariam favoráveis à produção de vinho, de acordo com os autores do estudo, liderados pelos pesquisadores Ignacio Morales-Castilla, da Universidade de Alcalá, na Espanha, e Elizabeth Wolkovich, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. 

As regiões que já são quentes sofrerão as maiores perdas, como no Mediterrâneo, onde Espanha e Itália perderão quase 65% de suas vinhas (plantação de videiras para produção de uvas), com muito poucos novos territórios elegíveis (menos de 10%). 

As regiões de latitudes mais altas, como a Nova Zelândia e o norte dos Estados Unidos, devem registrar um aumento nas terras aráveis (terra propícia para cultivo), entre 15% e 100%, dependendo das variedades de uvas. 

Já as regiões mais temperadas, que apresentam estações do ano bem definidas, como França e Alemanha, compensarão suas perdas com um percentual semelhante ao dos novos territórios (20%), segundo o estudo. 

Os pesquisadores enfatizam ao mesmo tempo que as perdas podem ser mitigadas com a alteração das variedades de uvas. 

Assim, as variedades tardias, que não são colhidas imediatamente após ficarem maduras e que melhor resistem ao calor, como syrah e grenache, poderão ser aprimoradas nas regiões vinícolas atuais, enquanto as mais antigas, como pinot noir e chardonnay, poderão ser cultivadas nas áreas mais ao norte. 

"Essas mudanças envolverão desafios complexos, mas não inatingíveis, nos níveis legal, cultural e financeiro", estimam os autores.

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