Cidade na Sibéria pode ter registrado 38°C, maior temperatura da história da região

Local está entre os mais frios do mundo e já chegou a registrar -60°C em novembro de 2019

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Marina Lapenkova
Moscou | AFP

A cidade de Verkhoiansk, na região de Sibéria, na Rússia, pode ter atingido no sábado (21) a maior temperatura da história para a região, 38°C. A cidade é uma das mais frias do mundo, tendo atingido -60°C em novembro de 2019.

Com o início do verão no hemisfério norte, a Sibéria tem vivido os impactos das mudanças climáticas após um inverno ameno e uma primavera quente. Os insetos têm devorado as árvores, as florestas queimam, e chuvas torrenciais provocam evacuações, provavelmente devido ao aquecimento global.

Os modelos científicos preveem que as mudanças climáticas causarão ondas de calor, tempestades e incêndios naturais com mais frequência. A Sibéria, um território de mais de 10 milhões de quilômetros quadrados a leste dos Urais, conhecido por seus invernos rigorosos, está na linha de frente.

Sibéria pode ter registrado maior temperatura da sua história no último sábado (21). Na foto, tirada em 2015, está o lago Shavla
Sibéria pode ter registrado maior temperatura da sua história no último sábado (21). Na foto, tirada em 2015, está o lago Shavla - Gael Varoquaux/Flickr

"Na Sibéria, o inverno (2019-2020) foi o mais quente desde o início dos registros há 130 anos, com temperaturas médias de até 6°C acima do normal", diz Marina Makarova, meteorologista-chefe da Rosguidromet, a agência meteorológica russa.

"A primavera chegou muito antes, em abril, com temperaturas que ultrapassavam facilmente (às vezes) os 30°C", acrescenta.

No início de maio, a imprensa regional divulgou imagens dos campos floridos um mês antes do habitual. Segundo a agência pública TASS, os fabricantes de sorvetes afirmam que as vendas aumentaram 30%.

No sul da Sibéria, a Rosguidromet registrou um aumento de um terço das chuvas em relação à média, o que gerou milhares de evacuações da população no distrito de Tulun, perto do lago Baikal.

O dobro de incêndios

No norte de Sibéria, porém, o derretimento precoce do manto de neve deixa a vegetação e o solo secos e, com isso, os incêndios podem se espalhar mais facilmente, explica o chefe da seção florestal do Greenpeace na Rússia, Alexei Yaroshenko.

No total, de janeiro a meados de maio, os incêndios devastaram 4,8 milhões de hectares na Sibéria, incluindo 1,1 milhão de florestas boreais, conforme o último estudo da ONG, divulgado na semana passada. A área já foi dizimada por incêndios no verão de 2019.

"O aquecimento global faz os incêndios florestais se multiplicarem. Eles dobraram em dez anos", declarou à AFP Viacheslav Kharuk, chefe do laboratório de vigilância florestal no departamento siberiano da Academia Russa das Ciências.

Nos próximos anos, "a superfície dos incêndios se multiplicará entre duas e quatro vezes", alerta o cientista.

Mariposa devoradora

As temperaturas amenas também provocaram uma explosão de lagartas de uma espécie de borboleta siberiana, a Dendrolimus sibiricus, muito devastadora.

Essa mariposa ataca as árvores. Uma colônia pode devorar a folhagem de um pinheiro gigante em questão de horas, tornando a floresta ainda mais vulnerável aos incêndios.

O calor incomum ajudou a acelerar seu ciclo de vida.

Outro inseto que devora a floresta desde 2003 é o coleóptero Scolytinae, que se estabeleceu nas regiões do norte à medida que o clima foi esquentando.

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