Após saída de chefes de Estado, ministros e embaixadores encabeçam COP28; entenda dinâmica da cúpula

Segunda semana das conferências do clima é dedicada à diplomacia; calendário foi adotado na COP21, em Paris

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Dubai

A COP28, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, tem até o próximo dia 12 para chegar a uma decisão sobre o balanço global do Acordo de Paris, que vai avaliar as ações tomadas pelos países até aqui e traçar recomendações para a revisão das metas de cada país —uma tarefa que será concluída daqui dois anos, na COP30, em Belém, sob comando brasileiro.

Após a saída dos chefes de Estado e de governo, que discursaram na sexta (1º) e no sábado (2) durante o segmento de alto nível da COP28, as negociações diplomáticas voltam a ser o centro da atenção do presidente da conferência, Sultan al-Jaber.

Ele tem a missão de consultar as posições dos países e apresentar propostas de texto até quarta-feira (6), data que marca o final da primeira semana de negociação.

Tradicionalmente, a segunda semana da conferência é dedicada às questões que, não tendo sido resolvidas até então, exigem um mandato mais político do que técnico para a negociação. O comando das delegações passa dos diplomatas para os ministros do Meio Ambiente.

Assim, na delegação brasileira, o cargo de negociador-chefe passará do embaixador e secretário do clima do Itamaraty, André Corrêa do Lago, para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Neste início de semana, enquanto Marina cumpre agenda com o presidente Lula na Alemanha, a ministra Sonia Guajajara (Povos Indígenas) assume a chefia da delegação.

Com o ineditismo da pasta, é a primeira vez que uma liderança indígena representa o governo brasileiro numa conferência do clima. A chefia vai até quarta-feira (6), quando Marina retorna a Dubai.

Pessoas andam apressadas na calçada em frente a uma porta que diz COP28
Entrada da COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes; conferência acontece no centro de eventos Expo City - Giuseppe Cacace - 30.nov.2023/AFP

Assim como a abertura com os chefes de Estado e de governo, a troca de bastão na metade da COP é marcada por uma longa sequência de discursos dos ministros de cada país.

A presença do presidente Lula e mais de cem líderes no início da conferência —cujas negociações duram duas semanas— serve como um impulso político, que confere mandato aos negociadores para defender suas posições nos dias seguintes.

O desenho foi firmado na COP21, em 2015, na qual os países assinaram o Acordo de Paris.

Os franceses estudaram os erros políticos que teriam levado ao resultado amargo da COP15 do Clima, em 2009, em Copenhague, que fracassou na missão de criar um novo acordo climático para substituir o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997.

Sob presidência dinamarquesa, a COP15 convidou os chefes de Estado e de governo para os últimos dias da conferência, imaginando que eles chegariam para resolver as últimas questões pendentes para o acordo e assiná-lo ao final do evento, em um gesto grandioso para o multilateralismo.

A presença dos líderes, no entanto, não diminuiu a diferença nas posições entre os países e a COP terminou com um sentimento geral de frustração.

Em Paris, a lógica foi invertida. Os franceses apostaram que os chefes de Estado e de governo deveriam abrir a conferência, trazendo impulso político, elegendo prioridades e encorajando os negociadores a buscar um acordo. Em seguida, deixariam o trabalho de negociação nas mãos dos diplomatas e ministros.

A fórmula funcionou e virou a nova tradição na série de conferências.

A repórter Ana Carolina Amaral viajou a convite de Avaaz, Instituto Arapyaú e Internews.

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