Siga a folha

Indígenas da Amazônia pedem que governo declare emergência climática em meio à seca grave

Comunidades isoladas pelo nível baixo dos rios relatam falta de água e alimento

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Bruno Kelly
Manaus | Reuters

Indígenas da Amazônia pedem ao governo brasileiro que declare emergência climática, uma vez que suas aldeias não têm água potável, alimentos ou remédios devido a uma grave seca que afeta rios vitais para o transporte na floresta, disseram líderes locais nesta terça-feira (10).

A seca e a onda de calor mataram grandes quantidades de peixes nos rios onde vivem os povos indígenas, e a água nos riachos e afluentes do rio Amazonas se tornou imprópria para o consumo, afirmou a Apiam (Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas), que representa 63 povos da Amazônia.

Seca no lago Puraquequara, em Manaus, em foto da última semana - Bruno Kelly - 6.out.2023/Reuters

"Pedimos aos governos da Amazônia, do Brasil e do mundo que declarem emergência climática e façam algo urgentemente para enfrentar a enorme vulnerabilidade climática e social a que estão expondo os povos indígenas e populações tradicionais", afirmou a Apiam em um comunicado.

Os rios Rio Negro, Solimões, Madeira, Juruá e Purus estão secando em ritmo recorde, e os incêndios florestais estão destruindo a floresta tropical em novas áreas no baixo Amazonas, disse a Apiam na nota.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse à Reuters no final de setembro que o governo estava preparando uma força-tarefa para fornecer assistência emergencial à região amazônica atingida pela seca. O governo enviou dezenas de milhares de cestas básicas para comunidades isoladas pela falta de transporte fluvial.

A região está sob pressão do fenômeno climático El Niño, com volume de chuvas no norte da Amazônia abaixo da média histórica.

O problema mais grave das comunidades indígenas que não têm água encanada é o saneamento, agora que a água do rio não pode ser bebida, disse Mariazinha Baré, coordenadora da Apiam.

Mariazinha Baré, coordenadora da Apiam (Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas), em fala à imprensa em Manaus nesta terça (10) - Bruno Kelly/Reuters

"Os córregos e rios menores secaram. O que tem é lama", disse Baré em entrevista. "O povo tem que fazer longas caminhadas para encontrar água. Com a má qualidade da água, a gente está ficando doente."

Rios intransitáveis dificultam o acesso da assistência médica às aldeias amazônicas, e a chuva não é esperada até o final de novembro ou início de dezembro, quando os rios e sua população de peixes normalmente se renovam, afirmou também Baré.

O rio Madeira não é mais navegável em seu curso superior, isolando aldeias indígenas e comunidades não indígenas que dependem da coleta de frutas na floresta, mas não conseguem escoar seus produtos.

Ivaneide Bandeira, que dirige a organização indígena Kanindé, no estado de Rondônia, disse que comunidades não indígenas isoladas estavam pedindo alimentos às aldeias indígenas.

Ela disse que a fumaça dos incêndios florestais está pior do que nunca, o que afeta a saúde de idosos e crianças.

"Não é somente o El Niño. Tem desmatamento que está lá, as queimadas que estão lá. Essas pessoas não param para pensar. O agronegócio não para, ele está indo, está destruindo tudo. Eles parecem que não veem o que está acontecendo com a natureza", disse.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas