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Capivaras ganham rampas nas margens do rio Pinheiros; trânsito ainda é perigo para animais

Entorno das pistas precisa de proteção, dizem ativistas; OUTRO LADO: prefeitura afirma ter instalado sinalização e barreiras para conter condutores

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São Paulo

Grupos de capivaras que vivem nas margens do rio Pinheiros, em São Paulo, ganharam neste mês rampas de acesso entre o curso d'água e o gramado próximo à ciclovia. A novidade, avaliam ambientalistas, alivia as dificuldades enfrentadas pelos animais silvestres em meio à área urbana, mas outras melhorias são necessárias.

Os trechos da marginal Pinheiros que não possuem estruturas de proteção seguem como grandes ameaças para os bichos, alertam ativistas, além do problema da qualidade da água —alvo de programas de despoluição há décadas.

Há dois anos, o governo do estado iniciou a obra de construção de um muro de gabião (estrutura de pedras fixadas em "gaiolas" de metal) ao longo de 18 quilômetros, para conter e controlar erosões em obras, durante o trabalho de revitalização da ciclovia e do parque Bruno Covas.

Capivaras ganham rampas de acesso para as margens do rio Pinheiros, cercado por 18 km de muro de pedras - Folhapress

O projeto inicial não contava, porém, dentro do plano de mitigação de impactos ambientais, com um acesso para os animais saírem das águas do rio, o que foi observado pela ativista Mariana Aidar, presidente da ONG Capa (Centro de Proteção e Apoio Animal). O grupo atua voluntariamente na concessionária gestora do parque e da ciclovia.

"Quando vi o primeiro paredão, eu marquei uma reunião com o pessoal do Daee [Departamento de Águas e Energia Elétrica] e me receberam. Nessa mesma reunião, eles já paralisaram as obras e mudaram toda a estrutura do projeto para ter a saída dos animais", conta a ativista.

Em julho deste ano, o muro de gabião foi entregue com 74 rampas de acesso, com 250 metros de distância uma da outra, intercaladas em cada margem, que permitem a circulação da fauna local. A obra custou R$ 175,5 milhões, segundo o Daee, vinculado à Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística).

Na quarta-feira (17), a reportagem percorreu a ciclovia e avistou um grupo de oito capivaras que utilizaram as rampas para sair da água e acessar o gramado das margens, que está entre os principais alimentos desses grandes roedores. Segundo a Capa, 120 indivíduos são monitorados nessa região.

Agora, as capivaras e outras espécies de animais silvestres enfrentam o perigo do trânsito intenso nas marginais. Com as rampas de acesso, os bichos chegam a invadir as rodovias pela falta de muros de proteção em alguns trechos, o que pode resultar em acidentes graves.

Em nota, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), vinculada à Prefeitura de São Paulo, disse que instalou sinalização de advertência sobre a presença de capivaras nas marginais, além de defensas metálicas e barreiras de concreto para evitar que veículos sejam projetados para as margens dos rios. A autarquia afirma, porém, que esses dispositivos não visam conter animais silvestres na área do Daee.

Segundo Aidar, 15 capivaras foram atropeladas em 2023 em trecho de dois quilômetros a partir da ciclovia que não possui a proteção chamada de New Jersey (tipo de proteção geralmente feita de concreto, com resistência a choques de veículos). Neste ano, já foram 11 os acidentes com os roedores no mesmo lugar. A ativista reforça que os animais na pista representam risco também para os condutores.

De acordo com monitoramento da ONG, cerca de 60 espécies, entre mamíferos, aves e répteis, ainda resistem e habitam o rio Pinheiros. Entres os bichos estão ratões-do-banhado, cobras, lagartos, tartarugas e cágados.

"As pessoas precisam aprender a respeitar os animais, porque vai ser cada vez mais comum a gente ver os animais vivendo em meio à sociedade [em razão da expansão de áreas urbanas]", enfatiza Aidar.

"Somos nós que estamos invadindo o habitat deles. Só gostaria que as pessoas fossem mais sensíveis e os respeitassem", completa.

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