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Descrição de chapéu The New York Times dinossauro

Crânio de T. Rex alcança US$ 6,1 milhões em leilão, bem abaixo da estimativa

Valor levanta dúvidas sobre a força da corrida do ouro por dinossauros

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Julia Jacobs Zachary Small
The New York Times

Neste ano, uma vértebra da cauda de um dinossauro de pescoço longo foi leiloada por mais de US$ 8.000. Um único espinho da cauda de um estegossauro foi vendido por mais de US$ 20 mil. Um dente de tiranossauro rex? Mais de US$ 100 mil.

Em um mercado em expansão para fósseis de dinossauros, a casa de leilões Sotheby's avaliou que um crânio de Tyrannossaurus rex que ia leiloar renderia de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões. Mas em sua venda na sexta-feira (9) o espécime foi vendido por US$ 6,1 milhões, incluindo taxas, para um comprador anônimo.

O leilão levantou dúvidas sobre se o momento de corrida do ouro por dinossauros –que perturbou muitos paleontólogos acadêmicos que temem que suas pesquisas sejam transformadas em troféus– estava dando sinais de declínio.

Crânio de T. rex leiloado na sexta (9) pesa 90 kg - Sotheby's - 9.dez.22/The New York Times

A venda em Nova York ocorre depois que o leilão planejado de um espécime maior de T. rex, avaliado para venda por US$ 15 milhões a US$ 25 milhões, foi descartado pela casa Christie's em Hong Kong, depois que foram levantadas dúvidas sobre quanto osso verdadeiro de dinossauro estava incluído.

Todd Levin, um consultor de arte veterano, disse que o colapso da venda da Christie's pode ter injetado alguma incerteza no mercado de fósseis.

"Tudo se baseia na confiança", disse Levin após a venda na sexta, "e agora há uma confiança muito baixa nessa área".

No início deste ano, os fósseis de dinossauros foram uma bênção para as casas de leilões: a Christie's vendeu um esqueleto de Deinonychus por US$ 12,4 milhões, e um de Gorgosaurus foi vendido por US$ 6,1 milhões na Sotheby's.

As perguntas sobre o espécime de T. rex da Christie's, apelidado de Shen e colocado em leilão por um consignador anônimo, giravam em torno de que proporção do esqueleto seria réplica de osso de outro dinossauro –prática comum na montagem de esqueletos.

As réplicas de ossos usadas em Shen foram moldadas de um espécime famoso, chamado Stan, que bateu um recorde de vendas de fósseis ao arrematar US$ 31,8 milhões em um leilão da Christie's há dois anos, impulsionando a indústria.

A Sotheby's disse que o crânio vendido no leilão de sexta-feira, apelidado de Maximus, foi complementado por moldes em resina de outro T. rex de propriedade do vendedor anônimo, que também preparou o espécime para o leilão.

Os compradores foram informados pela casa de leilões de que o crânio "contém 30 ossos do total aproximado de 39 ossos" e receberam um desenho de um crânio com os ossos reais colorido (pelo desenho, um potencial comprador saberia, por exemplo, que nem todos os dentes do T. rex eram reais).

O crânio, que pesa mais de 90 quilos, foi descoberto em um terreno privado no noroeste da Dakota do Sul (centro-norte dos EUA), área conhecida como rica em fósseis, segundo a casa de leilões.

Há anos, os altos preços dos fósseis irritam os paleontólogos acadêmicos, que temem que espécimes cientificamente importantes desapareçam nos salões de colecionadores ricos. Com o aumento dos preços em leilões, especialistas de museus e universidades ficam cada vez mais preocupados com a possibilidade de suas instituições serem excluídas do mercado.

Alguns espécimes que foram colocados em leilão não impressionaram os cientistas como importantes o suficiente para se preocuparem em perdê-las, mas James G. Napoli, paleontólogo e pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte, disse que Maximus parecia ter importância científica.

"É algo que eu gostaria de estudar em minha pesquisa, se pudesse", disse Napoli, que estuda a variação entre espécimes de dinossauros. "Sempre esperamos que seja comprado por uma instituição ou um indivíduo que o doe a alguém."

As casas de leilões tendem a dizer que também esperam que os espécimes que vendem acabem em um museu para o público ver e os cientistas pesquisarem, mas quem dá o lance vencedor não está sob seu controle.

Depois de mais de um ano de mistério sobre onde o T. rex Stan iria parar, a National Geographic disse que o espécime será abrigado em um museu de história natural que está sendo criado em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.

"Não podemos ignorar o fato de que vivemos numa sociedade capitalista; é assim que nosso mundo funciona", disse Cassandra Hatton, chefe global de ciência e cultura popular da Sotheby's, que organizou o leilão. "Talvez eles vão para particulares por algum tempo, mas acho que acabarão em museus."

Em uma declaração após o leilão de sexta-feira, Hatton disse que pode ser difícil avaliar o valor de um espécime quando há poucos paralelos históricos.

"A venda de hoje sempre foi projetada para avaliar o mercado", disse Hatton, observando que não havia um preço mínimo estabelecido pelo vendedor, "e estamos satisfeitos por ter definido uma nova referência significativa para fósseis de dinossauros em leilão".

A Sotheby's teve um papel importante na introdução de ossos de dinossauros como peça central de leilões. Em 1997, após uma batalha legal sobre a propriedade de um esqueleto de T. rex chamado Sue, a casa de leilões o vendeu para o Field Museum de Chicago por US$ 8,4 milhões (ou US$ 15,4 milhões ajustados pela inflação; R$ 80,5 milhões hoje).

Henry Galiano, um avaliador de fósseis que foi consultor da Sotheby's para Sue e Maximus, descreveu o crânio vendido recentemente como um importante espécime de pesquisa, apontando evidências de cicatrizes e lesões de uma possível infecção. Pequenos buracos na superfície indicam que insetos podem ter atacado a carcaça antes que fosse soterrada, disse ele.

O espécime estava quase todo erodido quando foi descoberto, mas, além do crânio, o comprador receberá uma parte de escápula e outros fragmentos de ossos que seriam do mesmo indivíduo, segundo se acredita.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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