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Por que pesquisadores brasileiros enviaram fungos para o espaço

'A estação espacial é um laboratório de condição extrema em que a gente consegue analisar fungos, bactérias, vírus e outras amostras em situação de estresse', explica pesquisadora

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Letícia Mori
São Paulo | BBC News Brasil

Lançada do Centro Espacial John F. Kennedy da Nasa, na Flórida (EUA), em novembro de 2022, a missão CRS-26, com foguete da empresa SpaceX, carregava um material preparado por pesquisadores brasileiros em meio aos suprimentos enviados para os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

O material foi enviado junto com a missão CRS-26 da Nasa, com foguete da SpaceX - Nasa

Cerca de 17 horas depois, o foguete atracou na estação. Astronautas receberam o material em um tubo de ensaio especialmente preparado para experimentos feitos fora da atmosfera terrestre.

Durante o mês seguinte, um deles ficou responsável por conduzir os experimentos de acordo com as instruções dos pesquisadores brasileiros.

Entre essa e outras dezenas de pesquisas do mundo todo enviadas para o espaço, além da manutenção da estação, a rotina dos astronautas é puxada, com dez horas de trabalho por dia —quase não sobra tempo para assistir aos 16 pores do sol visíveis da ISS todos os dias.

O objetivo é analisar os microrganismos em ambiente de microgravidade na Estação Espacial Internacional - Nasa

Realizada por pesquisadores da farmacêutica brasileira Cimed em parceria com pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo), a pesquisa enviada à ISS pela CRS-26 é um estudo sobre a absorção de vitaminas e minerais por leveduras (fungos unicelulares), explica a farmacêutica Patricia Lazzarotto, especializada em biotecnologia e farmácia aeroespacial e consultora científica da empresa.

Ambiente extremo

Mas qual a vantagem de fazer o estudo no espaço?

"A estação espacial é um laboratório de condição extrema em que a gente consegue analisar fungos, bactérias, vírus e outras amostras em situação de estresse", explica a pesquisadora.

Segundo a Lazzarotto, conseguimos simular microgravidade na terra, mas de forma intermitente, enquanto na ISS a microgravidade é uma constante, permitindo análises melhores.

"Todos os organismos evoluíram com base na gravidade da Terra e a partir do momento em que eu retiro e coloco as células em microgravidade, elas ficam se sentindo desorientadas", diz Lazzarotto.

Astronautas da Estação Espacial Internacional realizaram os experimentos - Nasa

O ambiente de estresse somado à presença de vitaminas, diz ela, gera uma série de alterações na expressão de diversos genes —os de interesse para a pesquisa são os relacionados ao envelhecimento das células.

O objetivo da pesquisa é entender como vitaminas mantidas em contato com as leveduras alteraram os genes dos microrganismos —a análise genética molecular está sendo feita já em Terra, após o retorno do material.

Lazzarotto afirma que os resultados preliminares foram muito positivos.

"A levedura lá conseguiu sobreviver em um ambiente de estresse e conseguiu ter energia suficiente para se multiplicar e se desenvolver", explica.

Segundo ela, esse tipo de pesquisa pode auxiliar no desenvolvimento de novos tratamentos e fórmulas mais eficazes.

Esse estudo faz parte da segunda fase de um projeto de pesquisa aeroespacial da empresa. Na primeira, os experimentos analisaram o processo de cristalização da proteína do vírus Sars-Cov-2, responsável pela Covid-19, no espaço.

Texto originalmente publicado no site da BBC News Brasil.

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