Voo de cápsula da Boeing com astronautas da Nasa é adiado novamente

Válvula que regula pressão em tanque de foguete Atlas 5, que transportará Starliner, precisa ser substituído

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Kenneth Chang
The New York Times

A Nasa terá de esperar até pelo menos o final da próxima semana para lançar em órbita a Starliner, da Boeing. Inicialmente planejado para a noite de segunda (6), o lançamento acabou adiado devido a um problema técnico no foguete Atlas 5, que levará a cápsula ao espaço

Nesta terça (7), a Nasa anunciou que os astronautas Barry Eugene Wilmore, 61, e Sunita Williams, 58, vão permanecer em terra até 17 de maio, no mínimo. No mesmo dia, mais cedo, a agência havia dito que poderia ser possível uma tentativa ainda nesta semana, na sexta (10).

A United Launch Alliance (ULA), fabricante do Atlas 5, disse que o foguete seria retirado da plataforma de lançamento, em Cabo Canaveral (Flórida), para a substituição de uma válvula que regula a pressão no tanque de oxigênio.

O foguete Atlas 5, da ULA, em plataforma em Cabo Canaveral, na Flórida (Estados Unidos) - Joel Kowsky/AFP

Isso adiou ainda mais o primeiro voo tripulado da Starliner, rumo à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). A cápsula tem enfrentado uma série de atrasos custosos nos últimos anos.

Cerca de três horas antes do horário de lançamento na última segunda (6), assim que os astronautas chegaram à plataforma, a válvula começou a zumbir a uma taxa de cerca de 40 vezes por segundo. As equipes no local descreveram ter ouvido um "som audível incomum" para os controladores de voo.

Os preparativos para o voo continuaram com Wilmore e Williams embarcando na espaçonave. Mas, duas horas antes do lançamento, a ULA cancelou o voo.

Tory Bruno, o CEO da empresa que constrói e gerencia o foguete, disse que esse comportamento já havia sido observado anteriormente durante alguns outros lançamentos do Atlas 5. Além disso, segundo ele, abrir e fechar a válvula normalmente parava o zumbido.

Porém, para o lançamento de astronautas, a ULA havia estabelecido uma regra de não fazer nada que pudesse alterar o estado do foguete quando os astronautas estivessem presentes, incluindo abrir e fechar uma válvula —isso por si só não era uma ação perigosa.

"Nossa filosofia é que não precisamos mudar o estado do veículo quando as pessoas estão lá, então não faremos", disse Bruno em uma entrevista coletiva na noite de segunda (6) juntamente com autoridades da Nasa e da Boeing.

Depois que os astronautas saíram da Starliner e voltaram para seus alojamentos, a válvula foi fechada e o zumbido parou. Mas oscilações tornaram a ocorrer duas vezes enquanto o propelente era drenado dos tanques.

Após revisar os dados, os engenheiros da ULA concluíram que a válvula havia excedido o limite de vezes que poderia ser aberta e fechada de forma confiável e que precisava ser substituída.

A Boeing foi uma das duas empresas que ganharam um contrato para construir uma espaçonave para levar astronautas para a estação espacial e trazê-los de volta depois de a Nasa aposentar seus ônibus espaciais em 2011. Por nove anos, os astronautas só podiam chegar à ISS a bordo dos foguetes Soyuz da Rússia.

A outra empresa foi a SpaceX. Em maio de 2020, dois astronautas da Nasa, Bob Behnken e Doug Hurley, voaram para a ISS na Crew Dragon, da empresa de Elon Musk. Essa cápsula desde então se tornou a única maneira de chegar à órbita a partir dos Estados Unidos.

O desenvolvimento do Starliner levou muito mais tempo para a Boeing do que ela esperava. As armadilhas técnicas incluíram testes de software inadequados, válvulas de propelente corroídas, fita inflamável e um componente chave no sistema de paraquedas que se mostrou mais fraco do que o projetado. A empresa corrigiu os problemas e finalmente estava pronta para lançar.

Os atrasos deixaram a Boeing com mais de US$ 1,4 bilhão em custo inesperado.

Embora o voo cancelado de segunda-feira tenha sido causado pelo foguete, a tentativa de lançamento adiada ocorre durante um ano difícil para a gigante aeroespacial. No começo do ano, um painel de uma janela de um Boeing 737 Max 9 se soltou durante um voo da Alaska Airlines. Os pilotos conseguiram pousar o avião com segurança e não houve ferimentos graves, mas o episódio teve amplas repercussões para a empresa, sobretudo sua divisão de aviação.

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