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Fóssil sugere presença humana na América do Sul antes do que se imaginava

Pesquisadores analisaram ossos de parente de tatu que têm marcas de abate

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Miguel Lo Bianco
Buenos Aires | Reuters

Ossos fossilizados de um parente de tatu encontrados na Argentina indicam que humanos estavam na América do Sul cerca de 21 mil anos atrás. O período é anterior ao estimado anteriormente, segundo estudo publicado nesta quarta-feira (17) no periódico PLOS ONE.

Os fósseis, com marcas de corte, eram de um mamífero herbívoro do gênero Neosclerocalyptus, parte de um grupo chamado gliptodontes. Esses animais habitaram as Américas por mais de 30 milhões de anos e acabaram extintos no final da Era do Gelo, cerca de 10 mil anos atrás.

Os pesquisadores afirmaram que os cortes nos ossos parecem ter sido feitos por pessoas utilizando instrumentos de pedra. Isso indica forte evidência da presença de Homo sapiens, ainda que nenhum fóssil humano tenha sido encontrado no sítio.

Antropólogo Miguel Delgado com osso fossilizado de um gliptodonte no Museu de Ciência Natural de Buenos Aires - Reuters

Os gliptodontes são parentes dos atuais tatus, ainda que muito maiores —algumas espécies chegavam a atingir o tamanho de um carro pequeno. Eles tinham uma armadura óssea grande, que lembra um casco de tartaruga, assim como uma espécie de capacete, além de uma forte cauda e membros curtos.

Os Neosclerocalyptus eram uma das menores espécies. O indivíduo nesse estudo tinha 180 cm de comprimento e pesava cerca de 300 quilogramas.

As marcas no osso foram encontradas na regiões da pélvis, da cauda e da sua armadura.

"O local dos cortes é consistente com a sequência de abate que foca regiões com muita carne, ou seja, os cortes não estavam distribuídos de maneira aleatória, mas concentrados nos elementos do esqueleto que continham grandes grupos musculares como a pélvis e a cauda. É um padrão típico visto no processo de abate de animais," disse o antropólogo Miguel Delgado, da Universidade Nacional de La Plata, autor sênior do estudo.

Os formatos dos cortes também são consistentes com aqueles criados utilizando tipos de ferramentas de pedra lascada e martelos de pedra, acrescentou Delgado.

O antropólogo e líder do estudo Mariano del Papa, da Universidade Nacional de La Plata, disse que "os únicos capazes de fazer (esse tipo de marcas) são os humanos".

A linha do tempo para ocupação das Américas é um tema de intenso debate, com algumas descobertas recentes indicando que os humanos chegaram muito antes do que estimado inicialmente.

O papel dos humanos na extinção de diversos grandes mamíferos nas Américas também foi objeto de controvérsia. Os fósseis do Neosclerocalyptus estão entre as evidências mais antigas da interação humana com esses grandes animais da Era do Gelo.

"Até pouco tempo atrás, o modelo tradicional sugeria que os humanos modernos (Homo sapiens) entraram nas Américas 16 mil anos atrás, então a maior parte da evidência arqueológica foi colocada dentro daquele período. Nos últimos anos, novas evidências indicam presença humana anterior", disse Delgado.

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