Siga a folha

Jornalista em Brasília, onde acompanha os principais acontecimentos econômicos e políticos há mais de 25 anos

Descrição de chapéu Todas Banco Central copom

A prova do pudim para o BC subir os juros

Entenda por que o balanço de riscos 'assimétrico' é o sinal de que o BC botou o dedo no gatilho para subir juros

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

A prova do pudim da disposição do Banco Central para voltar a subir a taxa de juros no Brasil, se necessário, está centrada na avaliação dos membros do Copom de que existem hoje mais riscos de alta do que de queda na inflação.

É o sinal de que o BC botou o dedo no gatilho para subir juros. No "coponês" (a língua do Copom), essa diferença foi chamada, na ata da reunião mais recente, de assimetria no balanço de riscos. Até então, havia dois riscos para cada lado.

O placar agora está 3 a 2. Os riscos de alta são uma desancoragem das expectativas de inflação por um período mais longo, maior resiliência na inflação de serviços e uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galipolo. - Folhapress

Os riscos de baixa são a desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

O que mais chamou a atenção dos analistas do mercado financeiro foi que um dos trechos da ata apontou que todos no Copom concordaram que há mais riscos para cima na inflação, mas com a ressalva de que "vários" membros enfatizaram a assimetria do balanço de riscos. Ou seja, a unanimidade vê mais risco, mas só a maior parte diz que é assimétrico. Não todo mundo.

A pergunta que veio em seguida foi: há disposição de toda a diretoria para subir os juros ou não? O BC velho, de diretores indicados por Bolsonaro, estaria mais duro e predisposto a subir os juros do que o BC novo, dos nomeados pelo presidente Lula.

O que intrigou é que o comunicado do Copom (documento divulgado para anunciar a decisão do colegiado) não tocou nesse ponto de assimetria. Muita gente achou que o BC estaria menos disposto a subir os juros num cenário mais adverso. O detalhe é que no comunicado só sai o que for consenso entre os integrantes do Copom.

Com essas dúvidas, os holofotes se voltaram rapidamente para o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, apontado como o favorito do presidente Lula para suceder Roberto Campos Neto no comando do BC e com a indicação já dada como certa pelo Senado.

Ficou no ar a pulga atrás da orelha se Galípolo estaria fora desse grupo e, portanto, sem o dedo no gatilho para subir os juros.

Na condição de favorito e na busca de credibilidade de que não será leniente com a inflação, o diretor (o primeiro indicado por Lula para o BC) foi logo explicando que enxergava a assimetria no balanço de riscos de inflação.

A declaração foi feita em evento público, na quinta-feira (8), e acabou promovendo uma coordenação de expectativas com a queda das taxas de juros longas e o real se apreciando ante o dólar.

Se Galípolo explicou sua posição, tem algum outro membro do Copom que não estaria tão convencido dessa assimetria?

Nos últimos dias, Campos Neto vem repetindo que as decisões do Copom têm sido unânimes, coesas, mostrando compromisso com a meta de inflação. Mas nesse ponto da assimetria do balanço de riscos, a comunicação ainda está devendo mais explicações.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deixa o Ministério da Fazenda. - Folhapress

Nas suas falas mais recentes, Galípolo tem reforçado que o trecho da assimetria não é uma guidance (orientação futura) de que o Copom vai subir a taxa Selic, porém a postura mais conservadora tem levado à queda do dólar.

Enquanto aguarda se será mesmo indicado pelo presidente Lula, Galípolo está fazendo preço e coordenando as expectativas de inflação. Passa pela sua prova particular do pudim para ganhar confiança de que não mudará o tom se sentar na cadeira de Campos Neto.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas